O drama musical de Richard Wagner, num passeio pela Via Láctea tripulado por Aberturas e Prelúdios.
Para os meus amigos Carlos Coelho e Licínio Costa, companheiros do peito e de sonoridades Wagnerianas construídas e partilhadas... (o Coelho, então, adora a abertura da Rienzi!).
"Aberturas e Prelúdios das Óperas"
"Idílio de Siegfried"
✨ Extractos que proponho para audição:
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube], Lohengrin (acto I) [youtube],
Lohengrin (acto III) [youtube], Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube],
Tristão e Isolda [youtube], Rienzi [youtube], Parsifal [youtube],
Idílio de Siegfried [youtube]
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube], Lohengrin (acto I) [youtube],
Lohengrin (acto III) [youtube], Tristão e Isolda [youtube], Rienzi [youtube],
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube], Lohengrin (acto I) [youtube],
Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube], Tristão e Isolda [youtube]
Para os meus amigos Carlos Coelho e Licínio Costa, companheiros do peito e de sonoridades Wagnerianas construídas e partilhadas... (o Coelho, então, adora a abertura da Rienzi!).
O universo musical de Richard Wagner (1813-1883) é do tamanho dos seus dramas filosofo-musicais: galáctico!... o que de certa forma me limita a escrita (...acho que há um nome para o que acabei de fazer...) às obras orquestrais com que porventura tenha tido algum contacto um pouco mais prático (isto para encontrar algum foco ou fio conductor... no imediato). Por isso, pensarei sobre tudo o que puder, para falar apenas sobre as aberturas e prelúdios das suas óperas Rienzi, Tannhäuser e Lohengrin (um fio conductor caseiro, portanto).
O termo "Abertura" aparecerá pela primeira vez, de forma documentada, em 1641, quando seria usado na introdução de um ballet francês, e a sua função de abrir uma ópera ou uma peça puramente orquestral, sofreria várias evoluções ao longo dos séculos.
No inicio do séc. XVIII, as aberturas ainda eram escritas como composições separadas, que eram introduzidas, nas óperas e bailados quando necessário. Esta prática acabaria com a reforma de Christoph Willibald Gluck, onde a abertura anteciparia os temas musicais do 1º acto das suas óperas, estreitando a relação entre ambos, iniciando, desta forma, a prática da abertura programática que seria continuada no romantismo por Carl Maria von Weber.
Embora admirasse Weber, Wagner não estaria inicialmente de acordo com esta prática, visto que revelaria detalhes importantes da história, pondo em causa o propósito musical, quebrando o encanto e, deste modo, prejudicando o resultado final esperado. No entanto, ver-se-ia obrigado a fazer algumas concepções, utilizando temas que seriam relevantes, mas ao mesmo tempo, possuidores de uma natureza musical própria, que se estendesse para além da história que iria ser contada.
A ópera Rienzi seria a primeira grande tragédia operática que Wagner escreveria. Composta entre 1837 (ano em que Wagner assumiria o posto de Director Musical em Riga) e 1840, e estreada em 1842 em Dresden, estaria firmemente enraizada na tradição da Grande Ópera, com a sua abertura do tipo pot-pourri, que anteciparia os mais importantes temas musicais da acção que se seguiria, nomeadamente na nota inicial do trompete que dá inicio à obra, que desde o Fidélio de Beethoven, assinalava a ideia da liberdade (...tão bem vinda por estes dias...) que estaria por detrás do enredo criado.
Este herói, mal-amado, traído e incapaz de salvar um mundo em ruínas, seria o primeiro de uma longa lista de idealistas solitários (...mas seguramente, não distanciados socialmente), apontando já para os grandes dramas musicais que Wagner viria a escrever.
Em Tannhäuser, numa ópera que teria duas versões, a de 1845 estreada em Dresden, e a de 1861 estreada em Paris, a pedido do Imperador Napoleão III (para onde Richard se autoexilaria, após passagens pela Noruega e Inglaterra, no seguimento, porventura não das dívidas que teria contraído nos países germânicos, mas provavelmente do receio da ira de eventuais musculados credores), ficaria marcado o nascimento do que Wagner consideraria, de forma inovadora, como o Prelúdio deveria ser. No inicio do 3º acto, em pleno coração do drama, escreveria uma introdução orquestral contemplativa, na esperança de prender a atenção dos ouvintes para o conteúdo da história e da emoção que se seguiria, e, desta forma, provocar a sensação de cumplicidade no espectador (... para além da música e da história... um marketing genial, diga-se).
Na sua abertura, onde os temas mais importantes serão também apresentados ao estilo de pot-pourri, mas numa sequência não processada ou refinada, poderemos testemunhar o contraste dos dois amores conflituosos do protagonista: a pia Elisabeth do Coro dos Peregrinos, e a deusa do amor sensual, Vénus, do tema do Monte com o seu nome.
Wagner comporia Lohengrin em 1847, uma ópera que viria a ser estreada em Weimar em 1850, pelo seu abnegado e também genial amigo Franz Liszt, do qual era genro, porquanto teria desposado a sua filha Cosima, no seguimento do falhanço que terá provocado no matrimónio desta com o amigo Hans von Bullow, eventualmente já não tão seu amigo...
Nesta obra de amores renegados e acusações fratricidas, Wagner implementaria reformas revolucionárias que encontrariam expressão na substituição do termo Abertura pelo Prelúdio (Vorspiel). Contrária à noção de abertura, a introdução lenta de Lohengrin não representaria um compêndio sinfónico da trama, mas basear-se-ia numa única ideia poética: A descendência do Santo Graal. Deste modo, a sua música corresponderá ao desenvolvimento de apenas um tema: o tema do Graal, pré-ecoando na perfeição a disposição da história, nuns compassos iniciais dos mais mágicos que viria a partilhar com a humanidade.
O termo "Abertura" aparecerá pela primeira vez, de forma documentada, em 1641, quando seria usado na introdução de um ballet francês, e a sua função de abrir uma ópera ou uma peça puramente orquestral, sofreria várias evoluções ao longo dos séculos.
No inicio do séc. XVIII, as aberturas ainda eram escritas como composições separadas, que eram introduzidas, nas óperas e bailados quando necessário. Esta prática acabaria com a reforma de Christoph Willibald Gluck, onde a abertura anteciparia os temas musicais do 1º acto das suas óperas, estreitando a relação entre ambos, iniciando, desta forma, a prática da abertura programática que seria continuada no romantismo por Carl Maria von Weber.
Embora admirasse Weber, Wagner não estaria inicialmente de acordo com esta prática, visto que revelaria detalhes importantes da história, pondo em causa o propósito musical, quebrando o encanto e, deste modo, prejudicando o resultado final esperado. No entanto, ver-se-ia obrigado a fazer algumas concepções, utilizando temas que seriam relevantes, mas ao mesmo tempo, possuidores de uma natureza musical própria, que se estendesse para além da história que iria ser contada.
A ópera Rienzi seria a primeira grande tragédia operática que Wagner escreveria. Composta entre 1837 (ano em que Wagner assumiria o posto de Director Musical em Riga) e 1840, e estreada em 1842 em Dresden, estaria firmemente enraizada na tradição da Grande Ópera, com a sua abertura do tipo pot-pourri, que anteciparia os mais importantes temas musicais da acção que se seguiria, nomeadamente na nota inicial do trompete que dá inicio à obra, que desde o Fidélio de Beethoven, assinalava a ideia da liberdade (...tão bem vinda por estes dias...) que estaria por detrás do enredo criado.
Este herói, mal-amado, traído e incapaz de salvar um mundo em ruínas, seria o primeiro de uma longa lista de idealistas solitários (...mas seguramente, não distanciados socialmente), apontando já para os grandes dramas musicais que Wagner viria a escrever.
Em Tannhäuser, numa ópera que teria duas versões, a de 1845 estreada em Dresden, e a de 1861 estreada em Paris, a pedido do Imperador Napoleão III (para onde Richard se autoexilaria, após passagens pela Noruega e Inglaterra, no seguimento, porventura não das dívidas que teria contraído nos países germânicos, mas provavelmente do receio da ira de eventuais musculados credores), ficaria marcado o nascimento do que Wagner consideraria, de forma inovadora, como o Prelúdio deveria ser. No inicio do 3º acto, em pleno coração do drama, escreveria uma introdução orquestral contemplativa, na esperança de prender a atenção dos ouvintes para o conteúdo da história e da emoção que se seguiria, e, desta forma, provocar a sensação de cumplicidade no espectador (... para além da música e da história... um marketing genial, diga-se).
Na sua abertura, onde os temas mais importantes serão também apresentados ao estilo de pot-pourri, mas numa sequência não processada ou refinada, poderemos testemunhar o contraste dos dois amores conflituosos do protagonista: a pia Elisabeth do Coro dos Peregrinos, e a deusa do amor sensual, Vénus, do tema do Monte com o seu nome.
Wagner comporia Lohengrin em 1847, uma ópera que viria a ser estreada em Weimar em 1850, pelo seu abnegado e também genial amigo Franz Liszt, do qual era genro, porquanto teria desposado a sua filha Cosima, no seguimento do falhanço que terá provocado no matrimónio desta com o amigo Hans von Bullow, eventualmente já não tão seu amigo...
Nesta obra de amores renegados e acusações fratricidas, Wagner implementaria reformas revolucionárias que encontrariam expressão na substituição do termo Abertura pelo Prelúdio (Vorspiel). Contrária à noção de abertura, a introdução lenta de Lohengrin não representaria um compêndio sinfónico da trama, mas basear-se-ia numa única ideia poética: A descendência do Santo Graal. Deste modo, a sua música corresponderá ao desenvolvimento de apenas um tema: o tema do Graal, pré-ecoando na perfeição a disposição da história, nuns compassos iniciais dos mais mágicos que viria a partilhar com a humanidade.
Nuno Oliveira
"Aberturas e Prelúdios das Óperas"
"Idílio de Siegfried"
✨ Extractos que proponho para audição:
- Chicago Symphony Orchestra
- Daniel Barenboim
- Teldec, 4509-99595-2 e 3984-24224-2
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube], Lohengrin (acto I) [youtube],
Lohengrin (acto III) [youtube], Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube],
Tristão e Isolda [youtube], Rienzi [youtube], Parsifal [youtube],
Idílio de Siegfried [youtube]
- Philharmonia Orchestra
- Otto Klemperer
- EMI, CDC 7 47254 2 e CDC 7 47255 2
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube], Lohengrin (acto I) [youtube],
Lohengrin (acto III) [youtube], Tristão e Isolda [youtube], Rienzi [youtube],
Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube],
- Orchester der Bayreuther Festspiele, Symphonie-Orchester des Bayerischen Rundfunks...
- Karl Böhm, Raphael Kubelik, Eugen Jochum, Otto Gerdes
- Deutsche Grammophon, 445 056-2 GR
Tudo é maravilhoso, há exceção do Tristão e Isolda de Böhm, em 1966: esse é divino.);
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube], Tristão e Isolda [youtube],
Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube], Lohengrin (acto I/III) [youtube]
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube], Tristão e Isolda [youtube],
Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube], Lohengrin (acto I/III) [youtube]
- Berliner Philharmoniker
- Herbert von Karajan
- EMI, CDM 7 64334 2
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube], Lohengrin (acto I) [youtube],
Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube], Tristão e Isolda [youtube]
- Chicago Symphony Orchestra
- Georg Solti
- Decca, 411 951-2 DH
- Berliner Philharmoniker
- Lorin Maazel
- RCA, 09026 63143 2
Maazel, mas sempre a sonoridade profunda da fabulosa orquestra alemã.);
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube] [youtube],
O Navio Fantasma [youtube], Tannhäuser [youtube] [youtube],
- Philharmonia Orchestra
- Francesco d'Avalos
- ASV, CD DCA 997
Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube], Tristão e Isolda (prelúdio) [youtube],
Tristão e Isolda (morte) [youtube], Parsifal [youtube], Idílio de Siegfried [youtube]
✰ Outras sugestões:
Tristão e Isolda (morte) [youtube], Parsifal [youtube], Idílio de Siegfried [youtube]
- Wiener Philharmoniker
- Karl Böhm
- Deutsche Grammophon, 413 551-2 GH
✿"o belo": selecção a seguir (Som quente e interpretação sonante. São observáveis algumas
idiossincrasias do mestre Böhm, mas também um Parsifal a transbordar de emoção.);
Rienzi [youtube], Parsifal [youtube], Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube]
Rienzi [youtube], Parsifal [youtube], Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube]
Tannhäuser [youtube],
- Symphonie-Orchester des Bayerischen Rundfunks
- Jeffrey Tate
- EMI, CDC 7 49 196 2
e cheio de espiritualidade, e para a nobreza e excelência da voz de Cheryl Studer);
Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube], Tristão e Isolda (prelúdio) [youtube],
Tristão e Isolda (morte) [youtube], Parsifal [youtube]
Tristão e Isolda (morte) [youtube], Parsifal [youtube]
- Eugene Ormandy/Philadelphia Orchestra/CBS, MBK 38914, selecção a seguir (...num clima impressionante em Severance, Colorado, 1965.); Tannhäuser [youtube], Lohengrin (acto III) [youtube], Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube], Tristão e Isolda [youtube]
- Mariss Jansons/Oslo Philharmonic Orchestra/EMI, CDC 7 54583 2, (O excelente agrupamento de Oslo liderado pelo mestre Jansons.); Tannhäuser [youtube], Lohengrin (acto III) [youtube], Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube], Tristão e Isolda [youtube], Riennzi [youtube] [youtube]
- Neville Marriner/Minnesota Orchestra/Telarc, CD-80083, extracto a seguir (O exemplo de Wagner pelos músicos do Minnesota.); Os Mestre Cantores de Nuremberga [youtube]
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""Irmandade do
Anel (dos Nibelungos)" [extractos pré e
pós-sinfónicos]
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