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11. Britten: Serenata p/ tenor, trompa e cordas; Quatro interlúdios de Peter Grimes |

...e sobre Benjamin Britten existem as palavras do Bispo de St. Edmundsbury: "Tentar descrever a sua música é como tentar prender um raio de sol com um cordel... o Ben haveria de gostar do som de trombetas, mesmo achando que seria difícil de acreditar que elas soassem para si." (elogio fúnebre a Benjamin Britten).

À sua descoberta então, com a serenata para tenor, trompa e cordas e os 4 interlúdios marítimos da ópera Peter Grimes.

Para o meu irmão Tiago. Tão longe, sempre perto.

Tradução sublime da paixão de Britten pela poesia inglesa (escolheu, de forma criteriosa, os seus poetas preferidos), do seu amor pelo tenor Peter Pears (companheiro de toda a vida) e da amizade pelo jovem trompista virtuoso, Dennis Brain (que teria conhecido em 1942), a serenata para tenor, trompa e cordas, foi estreada pelos próprios em 1943, com pouca pompa e menor circunstância, apanágio comum dos agrupamentos ad hoc da época, como aliás, também de hoje. No entanto, os maravilhosos poemas de Cotter, Tennyson, Blake, Jonson e Keats (não desprezando o anónimo do séc. XV); de inspiração noturna (com os consequentes diálogos da alma, habituais dessa fase horária), a genial música que os acompanha; a fazer lembrar aqui e ali, paranormais trompas élficas Mahlerianas (homenageando, desta forma também, a dedicatária Alma, sua viúva), e a qualidade dos intérpretes, foram suficientes (deveríamos dizer evidentes...) para o sucesso da obra e para o merecido reconhecimento do autor, que se mantém até hoje.
Por outro lado, e partilhando as semelhanças elementares: qualidade, interpretação, sucesso; a ópera Peter Grimes (da qual os 4 interlúdios marítimos têm origem), de 1945, leva-nos à realidade dos pescadores da costa este anglicana e ao drama entorno do pescador (Grimes) acusado da morte dum seu aprendiz, em pleno mar do norte. A preocupação e simpatia de Britten para com os inocentes e as vítimas de más compreensões, é por demais evidente na obra.
O Benjamin Britten do Suffolk, nasceu Ben ("The day's grown old; the fainting sun has but a little way to run...") e faleceu Lord Britten of Aldeburgh, poucos meses após ter sido agraciado pela coroa britânica ("...Turn the key deflly in the oiled wards, and seal the hushed Casket of my Soul."). Seguiu-se o ramo de flores da rainha Isabel II ao Peter (Pears) e a eternidade.

Nuno Oliveira

"Serenata p/ tenor, trompa e cordas, op. 31"
"4 Interlúdios marítimos op. 33, da ópera Peter Grimes"

✨ Extractos que proponho para audição: (Serenata)

Ian Bostridge, Marie Luise Neunecker
Bamberger Symphoniker
Ingo Metzmacher
EMI, CDC 5 56871 2

✿"o belo": audição obrigatória de toda a obra (mais um para a tal ilha deserta...), no entanto refiro;
               Prólogo (...imagino o estado de espírito do trompista no início do concerto...) [youtube]
                Nocturno (...imaginemos paisagens... imaginárias...) [youtube]
                Elegia (...trompas de Rivendell!?) [youtube]
                Hino (...brincadeiras só para alguns...) [youtube]
                Epílogo (...mesmo estado de espírito ou já passou?) [youtube]

Peter Pears, Barry Tuckwell
London Symphony Orchestra
Benjamin Britten
London, 436 395-2 LM

✿"o belo": Elegia (...trompas de Lorien!?) [youtube]

✰ Outras sugestões:

Martyn Hill/Jeffrey Bryant/Vladimir Ashkenazy/Royal Philharmonic Orchestra/MCA, MCAD-10099 [youtube]

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✨ Extractos que proponho para audição: (Interlúdios)

Royal Liverpool Philharmonic Orchestra
Libor Pesek
Virgin, VC 7 90834-2

✿"o belo": toda a obra; Alvorada (...há lodo no cáis... e iodo no ar...) [youtube], Manhã de
Domingo (...no mercado do peixe...) [youtube], Luar (numa noite de Verão...) [youtube],
Tempestade (recordações do menino Ben?) [youtube]