74. Tchaikovsky: O lago dos cisnes |
A música de Tchaikovsky para o bailado "O lago dos cisnes" e o estatuto de uma acção que se sente... mesmo quando não se vê.
Para a Rita e o Xavier.
Que a vossa união seja como um conto de fadas que acaba bem.
(Recordo-me da primeira vez que vi esta obra ao vivo. Foi em 2007, numa apresentação pela Companhia Nacional de Bailado com coreografia de Mehmet Balkan segundo Marius Petipa, realizada no Teatro Camões, em Lisboa, no dia 20 de Dezembro.
Aquele cisne chamado Ana Lacerda ainda me aparece em sonhos...
A última foi há um ano atrás, em Madrid, no Auditório Nacional de Música. Naquela noite de 19 de Outubro, ouviram-se extractos do bailado pela Orquestra Filarmónica de Londres, dirigida por Alexander Zemtsov.
Aquele cisne simbolizado no oboé de Daniel Finney ecoa desde então...)
Se acreditarmos que a associação do sonho à música nos traz o bailado, então o sinónimo de bailado só nos poderia levar a Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) e ao seu icónico O lago dos cisnes, op. 20.
Os que apreciam uma das formas de arte supremas que é o bailado, conhecerão seguramente o grande respeito e admiração que este compositor teria pela música de dança, justificado não só pelos três dos maiores bailados da história da música que escreveu (O Quebra Nozes e A Bela Adormecida completam o grupo), mas também pela integração de conceitos de dança, especialmente a valsa, nas suas óperas (um bom exemplo são as danças utilizadas em Voyevoda) e música de câmara (lembro-me da belíssima valsa da Serenata para cordas, op. 48), passando por inúmeras obras sinfónicas até chegar à fatídica Sinfonia nº 6, op. 74 e ao seu Allegro con grazia que a mim me seduz a deslizar de forma tudo menos "Patética".
Pyotr Ilyich teria, inclusive, ficado bastante irritado com Sergei Taneyev no seguimento dum comentário sobre um aparente "sabor inapropriado a bailado" que o incauto amigo teria sentido na partitura da sua quarta sinfonia (não lhe teria sabido a papel de música portanto, pelo que supor-se-ia que estaria na posse das adequadas faculdades apreciativas, ou, neste caso, depreciativas, o que nos deixa sem hipóteses viáveis de especulação sobre o motivo que levaria o menor compositor a estas declarações... embora o facto de "menor compositor" possa estar na sua génese, como habitualmente), obrigando mesmo o compositor a responder com um "Eu simplesmente não consigo compreender porque é que o termo é associado a algo reprovável. Existe uma coisa como boa música de bailado."
Como poderão constatar nos exemplos auditivos que proponho a seguir: é claro que há!
A encomenda para a criação de um bailado chegar-lhe-ia no verão de 1875 pelo director dos Teatros Imperiais, sendo importante realçar que pedir a um compositor de sinfonias que escrevesse a música para um bailado era um acto pouco comum naquela época. Na realidade, essa área era até aí reservada aos compositores especialistas nesse género musical, habituados exclusivamente a escrever naquele registo e que não comporiam qualquer outro tipo de música, pelo que, seria assim, com Tchaikovsky, que essa prática mudaria, os bailados começariam a ser conhecidos especialmente pelos nomes dos seus compositores e as suas músicas tornar-se-iam no mínimo tão importantes quanto as restantes componentes artísticas que configurariam o bailado em si mesmo.
Mais tarde, entre os meses de Agosto de 1875 e Abril de 1876, chegaria a altura de agarrar a oportunidade de amadurecer as suas ideias para a criação de um bailado completo, ajudado pelos inúmeros debates e discussões que ocorreriam entre as paredes da sua popular residência, invariavelmente frequentada pelos mais influentes artistas da época.
Já a escolha da história, essa começaria alguns anos antes, no verão de 1871. De visita à sua irmã na Ucrânia, Pyotr Ilyich decide escrever um pequeno bailado para entretenimento dos seus sobrinhos (as sobrinhas mais velhas e o seu irmão Modest acabariam eventualmente por fazer parte da necessária trupe familiar de dançarinos e mimos) e assim nasceria a versão embrionária d' O lago dos cisnes, baseado num conto que teria encontrado no Die Volksmärchen der Deutschen, uma coleção de fábulas e contos de fadas do escritor alemão do séc. XVIII, Johann Karl August Musäus.
A história de carácter trágico com raízes no folclore germânico, conta como o Príncipe Siegfried jura o seu amor a Odette (o Cisne Branco) para tentar redimir o feitiço lançado pelo maligno feiticeiro Rotbart, que apenas permitia a Odette e ao seu grupo de amigas (o Bando... ou melhor, Corpo de Baile) assumir a sua forma humana durante a noite, e a maneira como este príncipe seria enganado pela sósia vilã, Odile (o Cisne Negro), levando-o a trair a sua promessa de amor e a provocar o consequente final dramático... na versão clássica. Na realidade, e à parte das questões de conteúdo estritamente musical, a verdade é que nas últimas décadas tem havido algumas variações no desenvolvimento da história de uma produção para outra. Nas versões correntes, Odette e as suas amigas seriam transformadas em cisnes durante o dia devido ao feitiço de Rotbart, mas no cenário original elas próprias teriam já o poder de se transformarem. Em algumas versões a arma do Príncipe é uma besta, noutras é um mosquete. Segundo ainda alguns entendimentos, Odette afoga-se na vez de morrer nos braços de Siegfried, seguindo-se depois o mergulho deste, acabando os seus espíritos por subir aos céus, e outros há, inclusive, que preferem o final feliz, aquele que de coração cheio desejo para a vida em comum dos destinatários destas linhas e destes sons, com Siegfried a vencer Rotbart num duelo e a viver feliz para sempre com Odile, ups, Odette... ou seria com as duas!? Talvez isso pouco importe. Em cada um daqueles que, como nós, vive de coração cheio, haverá sempre muita da Luz do Cisne Branco, mas também alguma da Sombra do seu sósia Negro. Como tem de ser...
... e por falar nisso, o grande dançarino e coreógrafo George Balanchine, diria ainda que "O lago dos cisnes está sempre a mudar. Como tem de ser. A tradição nas actuações (...) depende dos caprichos dos coreógrafos, dançarinos, cenógrafos, músicos e do público". Se calhar é um pouco verdade... só que o rapaz destas linhas habituou-se a ser trágico a usufruir da arte enquanto procura ser espirituoso a absorver a vida, e, por esse motivo, há-de julgar que o final clássico desta história assentar-lhe-á melhor... ao mesmo tempo que comodamente e em boa companhia, se auxilia de um bom whiskey velho para desenvolver a decorrente reflexão ("É o carácter dos Touros.", como costumo justificar o lado Cinzento à minha cara metade...).
Assim, não será nenhuma surpresa a adopção da versão clássica para tentar contar uma história que começa com uma breve introdução interpretada antes do subir do pano [1], com o oboé a dar o mote para o famoso tema do cisne que se desenvolverá durante a obra, seguindo-se depois os quatro actos que formam o bailado.
O primeiro acto decorre no campo exterior a um castelo medieval alemão. O jovem Príncipe Siegfried, os seus amigos e o seu velho tutor Wolfgang encontram-se reunidos na véspera do aniversário do príncipe, que atingirá a maioridade em breve [2]. Alguns aldeões chegam depois para o felicitar ao mesmo tempo que dançam para ele [3], mas a mãe do Príncipe interrompe as festividades para relembrar o filho de que a chegada da maioridade significa também a altura para escolher uma noiva, e que ele deve fazer essa escolha no dia seguinte, durante o seu baile de aniversário. A dança retorna depois da mãe sair, e à medida que a noite cai todos os seus amigos se juntam com os copos na mão para uma dança final. Entretanto, um grupo de cisnes é avistado a voar ao longe e Siegfried, intrigado, sai para os caçar juntamente com os seus amigos.
Segue-se o segundo acto, junto às margens do lago, com as montanhas de fundo e as ruínas de um velho castelo não longe dali. Siegfried observa à luz da lua os cisnes que deslizam do lago e entram na floresta [4]. Repara que a líder do grupo usa uma coroa na cabeça e enquanto eleva a sua besta e a aponta, os cisnes transformam-se subitamente em belas donzelas. Odette, a rainha dos cisnes, conta-lhe a sua história: o maligno feiticeiro Rotbart, em conluio com a sua malvada madrasta, lançara-lhes um feitiço, transformando-as em cisnes durante o dia e retornando-as à forma humana durante a noite. Apenas o compromisso do amor de um homem, puro e inabalável, poderia quebrar o feitiço, mas se por outro lado Odette fosse traída pelo seu amado isso seria o seu fim. Rotbart faz uma aparição ameaçadora sob a forma de uma coruja gigantesca com olhos ferozes, e Siegfried, embora abalado, faz-lhe frente. O Príncipe destrói a sua besta a seguir, jura o seu amor imortal por Odette e suplica-lhe que se encontre com ele no seu baile de aniversário para que a possa escolher para sua noiva. As danças das donzelas-cisnes [5] dão lugar ao momento no qual Siegfried e Odette declaram o seu amor (com magníficos solos de violino e violoncelo, replectos de simbolismo) [6], e à medida que o dia amanhece vemos Odette e as suas amigas transformarem-se de novo em cisnes, acompanhadas pel"o belo" tema do cisne conduzido tragicamente pelo oboé [7], reflectindo a tensão sentida pela espera e pelo resultado que o dia seguinte trará.
Chegamos depois ao terceiro acto e ao baile de aniversário do Príncipe. Os convidados juntam-se no salão de baile do castelo e as festividades começam. Fanfarras anunciam a chegada das seis princesas candidatas à escolha do príncipe. Siegfried não encontra nenhuma de que gostasse, mas depois de uma valsa sumptuosa, Rotbart faz uma entrada inesperada trazendo pela mão a sua própria filha Odile transformada numa dupla de Odette (criando-se, desta forma, o duplo papel que traria os maiores desafios a uma bailarina, não sendo descabido supor-se até alguma inspiração autobiográfica, tendo em conta que Pyotr Ilyich seguramente compreenderia o significado de uma dualidade difícil de viver, atendendo às suas orientações afectivas, contrárias às esperadas com o seu casamento). Siegfried dança com Odile, e depois de uma série de danças nacionais trazidas pelos convidados estrangeiros [8-9-10-11], apresenta-a à mãe como a sua eleita. Subitamente, o salão de baile torna-se escuro, Rotbart assume a forma de coruja e voa para longe gritando o seu triunfo, enquanto Odile sorri e desaparece. Através de uma janela, Siegfried vê um cisne branco com uma coroa, reconhece-o como a verdadeira Odette e apressa-se a ir ao seu encontro em desespero pelas consequências de ter sido enganado.
Um entreacto estabelece o ambiente para a cena final (quarto acto). Na margem do lago, as amigas de Odette aguardam o seu regresso com grande preocupação. Perseguida pelo perturbado Siegfried, Odette apressa-se para o abraço de despedida junto delas enquanto uma tempestade, que faz acentuar o carácter emotivo da cena, se aproxima. Siegfried suplica o perdão a Odette, mas ela morre nos seus braços. Desolado, retira-lhe a coroa e atira-a para o lago provocando a subida das águas que os engole aos dois. Quando as águas retrocedem não há nenhum vestígio do casal de apaixonados, os cisnes sobreviventes recomeçam a deslizar tristemente ao longo do lago e o tema do cisne escuta-se pela última vez como testemunha da união de Siegfried e Odette para a eternidade [12]... Como tem de ser.
A estreia desta história desconcertante pelo Teatro Bolshoi de Moscovo, a 14 de Março de 1877, desconcertaria também alguns bailarinos em evidente falta de forma e alguns músicos de menor talento, habituados talvez a interpretações de caracter mais ligeiro e menos sinfónico, com as consequentes queixas acerca da complexidade de uma partitura de bailado escrita como se uma sinfonia se tratasse, o mesmo motivo que levaria, curiosamente, à publicação de uma suite orquestral pela editora P. Jugerson, em 1900. Mesmo assim, a obra alcançaria um respeitoso sucesso, que imagino poder ter roçado o desrespeitoso ou mesmo obsceno (como metáfora de grandioso, notem), caso não tivesse havido ainda lugar para a descoordenação dos três cenógrafos envolvidos, a coreografia inadequada de Julius Reisinger e a desastrosa direcção musical de Stepan Ryabov.
Em boa verdade, nenhuma das três produções apresentadas nas quarenta e duas exibições realizadas enquanto o compositor foi vivo, teriam tido a coreografia que o bailado mereceria, e seria apenas após a sua morte, em Novembro de 1893, que num concerto de tributo à sua memória realizado em Fevereiro de 1894, esta obra viria a despertar renovado interesse com a apresentação do segundo acto coreografado por Lev Ivanov.
Ainda assim, seria necessário mais um ano para que este bailado se começasse a afirmar. A 27 de Janeiro de 1895 seria apresentada no Teatro Maryinsky de São Petersburgo uma versão inteiramente nova imaginada por Marius Petipa, o famoso bailarino de origem francesa, e Ivanov, que era o seu assistente naquela altura. A nova versão envolveria algumas mudanças na estructura musical acordadas com Modest Tchaikovsky, o irmão do compositor, e o resultado seria então a fonte do sucesso internacional que viria a consagrar este O lago dos cisnes como o mais reverenciado de todos os bailados.
Pode parecer difícil de aceitar, mas acredito que enquanto houver penas nos tutus do palco e nos corações da plateia, é bem possível que se mantenha assim.
Nuno Oliveira
"O lago dos cisnes, op. 20"
✨ Extractos que proponho para audição: (nota: ver também publicações nº 4, 22 e 51)
- Saint Louis Symphony Orchestra
- Leonard Slatkin
- RCA, 7804-2-RC (bailado completo)
empenhada, solistas fabulosos nas cordas e nos sopros, e acima de tudo a
sensibilidade e visão convincente do mestre Slatkin. Um registo extraordinário do
bailado completo. A não perder!), com alguns destaques, identificados a seguir;
[1] Introdução: tutti, (O drama vem primeiro...) [youtube]
[2] 1º Acto, Cena: tutti (...mas também há alegria!) [youtube]
[3] 1º Acto, Valsa: tutti (Um "o belo" viciante? Valsa de Tchaikovsky!) [youtube]
[4] 2º Acto, Danças dos cisnes/Tempo de valsa: tutti (Cisnes vienenses!) [youtube]
[3] 1º Acto, Valsa: tutti (Um "o belo" viciante? Valsa de Tchaikovsky!) [youtube]
[4] 2º Acto, Danças dos cisnes/Tempo de valsa: tutti (Cisnes vienenses!) [youtube]
[5] 2º Acto, Danças dos cisnes/Allegro moderato: tutti ("o belo" que é uma melodia
inesquecível!) [youtube]
[6] 2º Acto, Danças dos cisnes/Pas d'action: violino e violoncelo (Jacques
Israelievitch e John Sant'Ambrogio num excelente exemplo d"o belo"!) [youtube]
[7] 2º Acto, Cena (tema do cisne): oboé e tutti (Um ícone d"o belo"!) [youtube]
[8] 3º Acto, Dança húngara: tutti (Um sabor eslavo...) [youtube]
[9] 3º Acto, Dança espanhola: tutti (Castanholas e música mediterrânica!) [youtube]
[10] 3º Acto, Dança napolitana: trompete (O brilho do metal transalpino!) [youtube]
[11] 3º Acto, Mazurka: tutti (... e um cheiro do norte.) [youtube]
[12] 4º Acto, Cena final: harpa, trompas e tutti (Ritmos angustiantes entre tempos e
contratempos e "o belo" tema ao baixar o pano para a eternidade!) [youtube]
- London Symphony Orchestra
- Michael Tilson Thomas
- Sony, 887254196525 (extractos do bailado)
"o belo" tema do cisne e um final da obra de arrepiar! Um excelente exemplo
da dupla Tilson Thomas/LSO e uma fabulosa escolha também.)
[11] [youtube], [12] [youtube]
- Berliner Philharmoniker
- Herbert von Karajan
- Deutsche Grammophon, 419 175-2 GH (suite do bailado)
o coração de Herbert von Karajan. Obrigatório nas melhores colecções.)
- Orchestre Symphonique de Montréal
- Charles Dutoit
- Decca, 41 344 3 (suite do bailado)
orquestra canadiana. Sonoridades orquestrais calorosas, com os timbres
do violino de Chantal Juillet e do violoncelo de Guy Fouquet em destaque.
Uma magnífica aquisição.)
- Saito Kinen Orchestra
- Seiji Ozawa
- Philips, 446 725-2 PH (suite do bailado)
magistralmente pelo mestre Ozawa. Sonoridade detalhada e um registo
cristalino do tema do cisne p'"o belo" oboé. Uma escolha de excelência.)
[extractos] [allmusic]
- Philharmonia Orchestra
- Herbert von Karajan
- EMI, CDZ 25 2201 2 (suite do bailado)
ano de 1959. Um registo histórico e uma extraordinária opção a ter em conta.)
[3] [youtube], [5] [youtube], [6] [youtube], [7] [youtube], [8] [youtube]
- Israel Philharmonic Orchestra
- Zubin Mehta
- Decca, 410 551-2 DH (suite do bailado)
oboé, violino e violoncelo. O refinamento interpretativo existe, embora falte
alguma subtileza às vezes. Boa escolha.)
- James Levine/Wiener Philharmoniker/Deutsche Grammophon, 437 806-2 GH (suite do bailado) (As cordas são de Viena e a atmosfera é a do Muzikverein. A escolha para os que gostam de sonoridades encorpadas.), [3] [youtube], [5] [youtube], [6] [youtube], [7] [youtube], [8] [youtube], [12] [youtube]
- Riccardo Muti/The Philadelphia Orchestra/EMI, CDC-547075 (extractos do bailado) (A visão de Riccardo Muti, acompanhado às castanholas, para descobrir.), [3] [youtube], [5] [youtube],[6] [youtube], [7] [youtube], [8] [youtube], [9] [youtube], [10] [youtube], [11] [youtube]
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"Cisnes Brancos e Negros"
Tchaikovsky em lua de mel com a esposa Antonina Miliukova [1877] e com o violinista Josef Kotek [1877]
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"A Sra. Rita e o Sr. Xavier".
Hotel Palácio da Borralha [Águeda, 08-10-2022]∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞
"O Cisne Ana Lacerda"
"O Lago dos Cisnes" [Lisboa, Dezembro de 2007]
"O Cisne Daniel Finney"