Uns Quadros de uma Exposição pelo olhar de Modest Mussorgsky e outras considerações sobre as naturezas vivas e mortas... que sobrevoam o Monte Trigiav.
Para o Ricardo, o Tito e o Bruno, que com o seu talento e correspondente Carisma, me inspiraram a ouvir estas obras imortais e me motivaram a querer escrever sobre isso (sem pretensões de maior, diga-se, apenas pelo simples prazer de usufruir um pouco do que a vida tem para oferecer: esta coisa chamada arte).
(E também para alguém que aprecia um Vinha do Russo, o tinto da altitude e encostas atlânticas dum suposto Monte Calvo...)
"Quadros de uma Exposição"
"Uma noite no Monte Calvo"
✨ Extractos que proponho para audição: (Quadros de uma Exposição, Uma Noite no Monte Calvo)
QE, obra completa [1-15]: [youtube]
[1] [3] [5] [8]: (Partida... de trompete!) [youtube] [youtube] [youtube] [youtube]
[2]: (Ai que caio!) [youtube]
[4]: (...trovadores italianos ao som do saxofone da Paris dos anos 20!) [youtube]
[6]: (Brincadeiras inocentes e olhares condescendentes...) [youtube]
[7]: (Sons de tuba e comportamentos zoológicos naturais, a fazer lembrar outros
porventura mais transcendentais...) [youtube]
[9]: (Azáfama juvenil!) [youtube]
[10]: (Pensamentos e efeitos de trompete...) [youtube]
[11]: (Em Limoges, os russos discutiam assim!) [youtube]
[12]: (Diálogos lá em baixo...) [youtube]
[13]: (... e os ecos que se escutam cá em cima...) [youtube]
[14]: (A apoteose do folclore Russo!) [youtube]
[15]: (A apoteose do Império Russo!) [youtube]
NMC: [16] (Diabos à solta e o sentido abençoado de Gergiev a partir dos 7:31!) [youtube]
QE, obra completa [1-16]: [youtube]
QE: [1] [youtube], [4] [youtube], [7] [youtube], [11] [youtube], [15] [youtube]
NMC: [16] [youtube]
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✰ Outras sugestões:
✨ Extractos que proponho para audição: (Quadros de uma Exposição)
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✰ Outras sugestões:
Para o Ricardo, o Tito e o Bruno, que com o seu talento e correspondente Carisma, me inspiraram a ouvir estas obras imortais e me motivaram a querer escrever sobre isso (sem pretensões de maior, diga-se, apenas pelo simples prazer de usufruir um pouco do que a vida tem para oferecer: esta coisa chamada arte).
(E também para alguém que aprecia um Vinha do Russo, o tinto da altitude e encostas atlânticas dum suposto Monte Calvo...)
O com_o_it_r ru_so Mod_st Mus_org_ky (é de propósito... para ver se me ambiento à psique do artista, que incompletava tudo o que escrevia... também me lembrei de outra coisa, mas como ainda não jantei...), ficaria conhecido por fazer parte do "Grupo dos Cinco" compositores daquele país, que juntamente com Balakirev; seu roomie e confidente durante alguns anos, Cui, Borodin e Rimsky-Korsakov; que apreciava verdadeiramente a sua genialidade e um dos seus maiores defensores (pelo que viria a completar, de forma desprendida, algumas das obras que o autor deixaria por terminar), promoviam a música inspirada nos ideais nacionalistas do folclore popular russo, por oposição àquela que um supostamente "ocidentalizado" Tchaikovsky, escrevia. Modest viria a ser, de facto, um músico-funcionário publico diletante, por muitos considerado o "mais Russo" de todos os compositores (russos...), tendo as suas ideias originais e inovadoras, influenciado sucessivas gerações de compositores, desde a sua época até aos nossos dias (...ou o não continuássemos a escutar em Junho de 2020).
Mussorgsky nasce em Karevo, no distrito de Pskov, a 21 de Março de 1839, o filho mais novo de um caseiro, que cuidava das propriedades de um Senhor latifundiário, e de uma camponesa, que, por saber tocar piano, viria a ser a sua primeira professora de música, porventura competentíssima, ou não tivesse o menino Modest apresentado em público variadas peças curtas de Franz Liszt... aos sete anos de idade.
Viria a estudar de forma privada, com um dos alunos do pianista virtuoso alemão, Henseld, entre 1849 e 1854, contudo sem ter aprofundado as noções de harmonia ou composição, o que não o impediria de no primeiro ano de frequência da escola de cadetes da Guarda de São Petersburgo, em 1852, compor uma polca dedicada aos seus colegas (que seria mais tarde publicada com a ajuda dos pais), levando o maestro do coro da escola a encorajá-lo para o estudo da música dos compositores russos, interesse patriótico que viria a ser fortalecido numa visita que faria a Moscovo, em 1859.
Em 1854 inicia o treino para oficial do Exército Russo, entrando de seguida no Regimento da Guarda Russa de Preobrazhensky, posto que abandonaria em 1861.
Depressivo por natureza, como o demonstrariam as crises nervosas de 1858 e de 1860, a morte da mãe, em 1865, levá-lo-ia ao conforto do álcool e ao desconforto das inúmeras partituras por acabar, sendo essa a razão para que muitas das suas obras fossem orquestradas e concluídas por outros. A sua irritabilidade nervosa afectaria a relação com os seus amigos mais chegados (cinco e, seguramente, mais alguns...), principalmente com Balakirev, que após o falhanço de Mussorgsky na conclusão da sinfonia em ré maior (iniciada em 1861...), chegaria a concordar com as considerações que Vladimir Stasov, um critico influente à época (pois quem mais haveria de ser...), tornara públicas: que Mussorgsky seria "quase um idiota". Uma maldade de um inimigo ou um desabafo de um amigo? Ambas as atitudes: absurdas quando aplicadas a um espírito frágil e doente, o que infelizmente era o caso.
Em 1861 chegaria a revolta da Libertação dos Servos, e, com ela, as dificuldades económicas dos Mussorgsky, o que levaria Modest a viver na casa de campo da família até 1863, ano em que é admitido como funcionário público em São Petersburgo (cargo do qual seria temporariamente afastado, entretanto, devido a cortes no seu departamento... numa espécie de Lay-Off do séc. XIX, um facto porventura tão necessário quanto causador de alguma tristeza e proporcional insegurança, até nos mais fortes).
No entanto, os êxitos alcançados em 1874, pela ópera Boris Godunov (escrita em 1869) e pela suite para piano, Quadros de uma Exposição (composta em Julho desse ano), trariam alguma luz a uma vivência acinzentada, levando, contudo, o Modest(o) Mussorgsky a comportar-se de forma mais imodesta, tal seria o elevado nível de autoestima... acompanhado, desgraçadamente, do acessório teor alcoólico que viria a tomar totalmente conta de si a partir de 1878. Com a ajuda de Stasov (Amigo? Talvez.), ainda viria a mudar de departamento governamental onde trabalhava, na esperança de que isso pudesse ajudá-lo a recuperar da sua dependência, mudança essa que não traria um efeito positivo, pelo que, em 1880, Mussorgsky seria finalmente forçado a abandonar o serviço público de vez.
A partir daí, passaria a viver com a pensão de 180 rublos que lhe seria oferecida por um grupo de amigos (cinco e, seguramente, mais alguns... outra vez), no compromisso de que finalizasse as suas operas Khovanshchina (iniciada em 1872...) e A Feira de Sorochintsy (inspirada no texto de Nikolai Gogol, e iniciada em 1874...), que, contudo, permaneceriam inacabadas ao momento da sua morte, o que aconteceria a 28 de Março de 1881, testemunhada pelas paredes do Hospital Militar de São Petersburgo e alguns amigos (cinco e, seguramente, mais alguns... no fim).
Os Quadros de uma Exposição, terão sido inspirados na exibição organizada por Stasov (Amigo? Já creio que sim.) em Moscovo, à memória do seu amigo, o pintor e arquitecto Viktor Hartmann (que teria falecido em 1873, aos 39 anos), com cerca de quatrocentas das suas aguarelas, desenhos arquitectónicos e cenários. O resultado seria uma extraordinária recriação musical das imagens que o compositor observaria ao percorrer a exposição (num estado de aparente concentração naquilo que via, uma realidade pouco comum no Mussorgsky daquela época). A obra dividir-se-ia em quinze partes (as etapas do percurso... algumas de montanha, como a Bydlo [7], uma carruagem de origem polaca, com rodas enormes, puxada por bois numa pedalada pesada), ouvindo-se, algumas vezes, o tema do passeio entre as obras (Promenade [1] [3] [5] [8]), seguindo-se a contemplação musical de cada uma delas, como se de um passeio 3D Virtual do nosso tempo se tratasse, acrescentado do upgrade futurista... do som. Entre outros, Mussorgsky escreveria sobre cenas do dia-a-dia, como as brincadeiras das crianças no jardim idílico das Tuileries parisienses (Tuileries [6]), ou as discussões acesas no mercado francês de Limoges (Limoges, le marché [11]), passando pelas imagens simbólicas de um trovador num castelo toscano (Il vecchio castello [4]) e do diálogo com a morte numa descida às catacumbas de Paris (Catacombae [12]), até à tradição dos temas populares russos, através duma imaginária porta de Kiev por onde o Czar Alexandre II escapara ao assassinato (La Grande Porte de Kiev [15]). A obra ficaria completa com a corrida atrapalhada de um brinquedo com pequenas pernas de pau (Gnomus [2]), o bailado criado por Petipa e dançado pelas crianças da Escola Imperial de Bailado de São Petersburgo (Ballet des Petits Pousins dans leurs Coques [9]), dois judeus polacos, um rico e um pobre (Samuel Goldenberg und Schmuyle [10]), as conversas com a morte numa língua (o latim) morta (Cum mortuis in lingua mortua [13]), e a sensação do tempo a passar, da cabana em forma de relógio da feiticeira Baba-Yaga, contemplando a magnífica porta de Kiev e tudo o que esta simbolizava (La cabane de Baba-Yaga sur des Pattes de Poule [14]).
Em 1922, o maestro russo Serge Koussevitzky encomenda a Maurice Ravel a versão para orquestra de Quadros de uma Exposição, coisa que este faria de forma brilhante e com toda a palete de cores instrumentais que porventura teriam faltado nas imagens originais de Hartmann, e correspondentes sons originais de Mussorgsky (ambição que teriam também Henry Wood, Leopold Stokowski e Walter Goehr, embora sem o sucesso mundial de Ravel). Esta orquestração seria estreada por Koussevitzky na Ópera de Paris, em 19 de Outubro de 1922, publicada em 1929 e alcançado a fama internacional, reconhecida por músicos e ouvintes, a partir daí.
Quanto a Uma Noite no Monte Calvo [16], a história contaria algo diferente. Escrita no Verão de 1860, durante uma grave crise nervosa, esta obra teria sido inspirada no conto de Gogol sobre a Noite de São João, e nos montes próximos de Kiev (Trigiav) para palco do encontro das feiticeiras (Baba-Yaga incluída...), feiticeiros e demónios, do tradicional Sabbath da noite de São João Batista (24 de Junho... e sim, vou olhar pela janela...), presidido pelo deus maléfico Tchernobog, transformado num colossal... bode. A obra tomaria uma forma orquestral em 1867, depois como parte da opera Mlada, e, em 1873, como parte da opera A Feira de Sorochintsy, até ser revista de forma altruísta pelo amigo Rimsky-Korsakov, em 1881, após a sua morte. Esta versão de Uma Noite no Monte Calvo viria a ser estreada pelo próprio Rimsky-Korsakov em 1886, em São Petersburgo, e publicada nesse mesmo ano, tornando-se porventura na obra mais famosa do compositor e a mais motivadora dos olhares curiosos sobre os montes, por esse mundo fora, nas noites de 24 de Junho...
Mussorgsky nasce em Karevo, no distrito de Pskov, a 21 de Março de 1839, o filho mais novo de um caseiro, que cuidava das propriedades de um Senhor latifundiário, e de uma camponesa, que, por saber tocar piano, viria a ser a sua primeira professora de música, porventura competentíssima, ou não tivesse o menino Modest apresentado em público variadas peças curtas de Franz Liszt... aos sete anos de idade.
Viria a estudar de forma privada, com um dos alunos do pianista virtuoso alemão, Henseld, entre 1849 e 1854, contudo sem ter aprofundado as noções de harmonia ou composição, o que não o impediria de no primeiro ano de frequência da escola de cadetes da Guarda de São Petersburgo, em 1852, compor uma polca dedicada aos seus colegas (que seria mais tarde publicada com a ajuda dos pais), levando o maestro do coro da escola a encorajá-lo para o estudo da música dos compositores russos, interesse patriótico que viria a ser fortalecido numa visita que faria a Moscovo, em 1859.
Em 1854 inicia o treino para oficial do Exército Russo, entrando de seguida no Regimento da Guarda Russa de Preobrazhensky, posto que abandonaria em 1861.
Depressivo por natureza, como o demonstrariam as crises nervosas de 1858 e de 1860, a morte da mãe, em 1865, levá-lo-ia ao conforto do álcool e ao desconforto das inúmeras partituras por acabar, sendo essa a razão para que muitas das suas obras fossem orquestradas e concluídas por outros. A sua irritabilidade nervosa afectaria a relação com os seus amigos mais chegados (cinco e, seguramente, mais alguns...), principalmente com Balakirev, que após o falhanço de Mussorgsky na conclusão da sinfonia em ré maior (iniciada em 1861...), chegaria a concordar com as considerações que Vladimir Stasov, um critico influente à época (pois quem mais haveria de ser...), tornara públicas: que Mussorgsky seria "quase um idiota". Uma maldade de um inimigo ou um desabafo de um amigo? Ambas as atitudes: absurdas quando aplicadas a um espírito frágil e doente, o que infelizmente era o caso.
Em 1861 chegaria a revolta da Libertação dos Servos, e, com ela, as dificuldades económicas dos Mussorgsky, o que levaria Modest a viver na casa de campo da família até 1863, ano em que é admitido como funcionário público em São Petersburgo (cargo do qual seria temporariamente afastado, entretanto, devido a cortes no seu departamento... numa espécie de Lay-Off do séc. XIX, um facto porventura tão necessário quanto causador de alguma tristeza e proporcional insegurança, até nos mais fortes).
No entanto, os êxitos alcançados em 1874, pela ópera Boris Godunov (escrita em 1869) e pela suite para piano, Quadros de uma Exposição (composta em Julho desse ano), trariam alguma luz a uma vivência acinzentada, levando, contudo, o Modest(o) Mussorgsky a comportar-se de forma mais imodesta, tal seria o elevado nível de autoestima... acompanhado, desgraçadamente, do acessório teor alcoólico que viria a tomar totalmente conta de si a partir de 1878. Com a ajuda de Stasov (Amigo? Talvez.), ainda viria a mudar de departamento governamental onde trabalhava, na esperança de que isso pudesse ajudá-lo a recuperar da sua dependência, mudança essa que não traria um efeito positivo, pelo que, em 1880, Mussorgsky seria finalmente forçado a abandonar o serviço público de vez.
A partir daí, passaria a viver com a pensão de 180 rublos que lhe seria oferecida por um grupo de amigos (cinco e, seguramente, mais alguns... outra vez), no compromisso de que finalizasse as suas operas Khovanshchina (iniciada em 1872...) e A Feira de Sorochintsy (inspirada no texto de Nikolai Gogol, e iniciada em 1874...), que, contudo, permaneceriam inacabadas ao momento da sua morte, o que aconteceria a 28 de Março de 1881, testemunhada pelas paredes do Hospital Militar de São Petersburgo e alguns amigos (cinco e, seguramente, mais alguns... no fim).
Os Quadros de uma Exposição, terão sido inspirados na exibição organizada por Stasov (Amigo? Já creio que sim.) em Moscovo, à memória do seu amigo, o pintor e arquitecto Viktor Hartmann (que teria falecido em 1873, aos 39 anos), com cerca de quatrocentas das suas aguarelas, desenhos arquitectónicos e cenários. O resultado seria uma extraordinária recriação musical das imagens que o compositor observaria ao percorrer a exposição (num estado de aparente concentração naquilo que via, uma realidade pouco comum no Mussorgsky daquela época). A obra dividir-se-ia em quinze partes (as etapas do percurso... algumas de montanha, como a Bydlo [7], uma carruagem de origem polaca, com rodas enormes, puxada por bois numa pedalada pesada), ouvindo-se, algumas vezes, o tema do passeio entre as obras (Promenade [1] [3] [5] [8]), seguindo-se a contemplação musical de cada uma delas, como se de um passeio 3D Virtual do nosso tempo se tratasse, acrescentado do upgrade futurista... do som. Entre outros, Mussorgsky escreveria sobre cenas do dia-a-dia, como as brincadeiras das crianças no jardim idílico das Tuileries parisienses (Tuileries [6]), ou as discussões acesas no mercado francês de Limoges (Limoges, le marché [11]), passando pelas imagens simbólicas de um trovador num castelo toscano (Il vecchio castello [4]) e do diálogo com a morte numa descida às catacumbas de Paris (Catacombae [12]), até à tradição dos temas populares russos, através duma imaginária porta de Kiev por onde o Czar Alexandre II escapara ao assassinato (La Grande Porte de Kiev [15]). A obra ficaria completa com a corrida atrapalhada de um brinquedo com pequenas pernas de pau (Gnomus [2]), o bailado criado por Petipa e dançado pelas crianças da Escola Imperial de Bailado de São Petersburgo (Ballet des Petits Pousins dans leurs Coques [9]), dois judeus polacos, um rico e um pobre (Samuel Goldenberg und Schmuyle [10]), as conversas com a morte numa língua (o latim) morta (Cum mortuis in lingua mortua [13]), e a sensação do tempo a passar, da cabana em forma de relógio da feiticeira Baba-Yaga, contemplando a magnífica porta de Kiev e tudo o que esta simbolizava (La cabane de Baba-Yaga sur des Pattes de Poule [14]).
Em 1922, o maestro russo Serge Koussevitzky encomenda a Maurice Ravel a versão para orquestra de Quadros de uma Exposição, coisa que este faria de forma brilhante e com toda a palete de cores instrumentais que porventura teriam faltado nas imagens originais de Hartmann, e correspondentes sons originais de Mussorgsky (ambição que teriam também Henry Wood, Leopold Stokowski e Walter Goehr, embora sem o sucesso mundial de Ravel). Esta orquestração seria estreada por Koussevitzky na Ópera de Paris, em 19 de Outubro de 1922, publicada em 1929 e alcançado a fama internacional, reconhecida por músicos e ouvintes, a partir daí.
Quanto a Uma Noite no Monte Calvo [16], a história contaria algo diferente. Escrita no Verão de 1860, durante uma grave crise nervosa, esta obra teria sido inspirada no conto de Gogol sobre a Noite de São João, e nos montes próximos de Kiev (Trigiav) para palco do encontro das feiticeiras (Baba-Yaga incluída...), feiticeiros e demónios, do tradicional Sabbath da noite de São João Batista (24 de Junho... e sim, vou olhar pela janela...), presidido pelo deus maléfico Tchernobog, transformado num colossal... bode. A obra tomaria uma forma orquestral em 1867, depois como parte da opera Mlada, e, em 1873, como parte da opera A Feira de Sorochintsy, até ser revista de forma altruísta pelo amigo Rimsky-Korsakov, em 1881, após a sua morte. Esta versão de Uma Noite no Monte Calvo viria a ser estreada pelo próprio Rimsky-Korsakov em 1886, em São Petersburgo, e publicada nesse mesmo ano, tornando-se porventura na obra mais famosa do compositor e a mais motivadora dos olhares curiosos sobre os montes, por esse mundo fora, nas noites de 24 de Junho...
Nuno Oliveira
"Quadros de uma Exposição"
"Uma noite no Monte Calvo"
✨ Extractos que proponho para audição: (Quadros de uma Exposição, Uma Noite no Monte Calvo)
- Wiener Philharmoniker
- Valery Gergiev
- Philips, 5168876
QE, obra completa [1-15]: [youtube]
[1] [3] [5] [8]: (Partida... de trompete!) [youtube] [youtube] [youtube] [youtube]
[2]: (Ai que caio!) [youtube]
[4]: (...trovadores italianos ao som do saxofone da Paris dos anos 20!) [youtube]
[6]: (Brincadeiras inocentes e olhares condescendentes...) [youtube]
[7]: (Sons de tuba e comportamentos zoológicos naturais, a fazer lembrar outros
porventura mais transcendentais...) [youtube]
[9]: (Azáfama juvenil!) [youtube]
[10]: (Pensamentos e efeitos de trompete...) [youtube]
[11]: (Em Limoges, os russos discutiam assim!) [youtube]
[12]: (Diálogos lá em baixo...) [youtube]
[13]: (... e os ecos que se escutam cá em cima...) [youtube]
[14]: (A apoteose do folclore Russo!) [youtube]
[15]: (A apoteose do Império Russo!) [youtube]
NMC: [16] (Diabos à solta e o sentido abençoado de Gergiev a partir dos 7:31!) [youtube]
- New York Philharmonic
- Giuseppe Sinopoli
- Deutsche Grammophon, 429 785-2 GH
QE, obra completa [1-16]: [youtube]
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NMC: [16] [youtube]
- Orchestre Symphonique de Montréal
- Charles Dutoit
- London, 417 299-2 LH
dupla Dutoit/OSM e uma escolha de excelência a ter em conta também.);
- Toronto Symphony Orchestra
- Jukka-Pekka Saraste
- Finlandia, 0630-14911-2
QE: [1] [youtube], [4] [youtube], [7] [youtube], [11] [youtube], [15] [youtube]
NMC: [16] [youtube]
- Charles Mackerras/Royal Liverpool Philharmonic Orchestra/Virgin, VC 7 91174-2, QE: [1] [youtube], [7] [youtube], [10] [youtube], [14] [youtube], [15] [youtube], NMC: [16] [youtube]
- Christoph von Dohnányi/Cleveland Orchestra/Teldec, 244 920-2 ZK (Som quente, que começa bem, com segurança e majestosidade, mas que infelizmente acaba uns furos abaixo. Contem a versão original de "Uma noite no Monte Calvo".), QE: [2] [youtube], [9] [youtube], [12] [youtube], [15] [youtube], NMC: [16] [youtube]
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- London Symphony Orchestra
- Claudio Abbado
- Deutsche Grammophon, 410 033-2 GH
QE: [1] [youtube], [4] [youtube], [7] [youtube], [11] [youtube], [15] [youtube]
- Chicago Symphony Orchestra
- Georg Solti
- London, 400 051-2 DH
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- Berliner Philharmoniker
- Herbert von Karajan
- Deutsche Grammophon, 413 588-2 GH
QE: [1] [youtube], [4] [youtube], [7] [youtube], [11] [youtube], [15] [youtube]
- Wiener Philharmoniker
- André Previn
- Philips, 416 296-2 PH
1985, com as tensões e dramatismo característicos de um concerto ao vivo.);
- SWR Stuttgart Radio Symphony Orchestra
- Sergiu Celibidache
- Deutsche Grammophon, 445 140-2 GH
majestosidade e o drama característicos do mestre Celibidache. Mudanças
de dinâmicas reflectidas e texturas sonoras mais redondas, com solistas de
qualidade. Uma opção para descobrir.);
QE: [1-15] [youtube]
- Radio-Sinfonieorchester Krakau
- Karl Anton Rickenbacher
- RCA, 74321 80400 2
- Yuri Temirkanov/Royal Philharmonic Orchestra/RCA, RD60195, QE: [1] [youtube], [4] [youtube], [7] [youtube], [11] [youtube], [15] [youtube]
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Modest Mussorgsky [Hospital S. Petersburgo, 1881 (dez dias antes do seu falecimento)]
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