sábado, 9 de dezembro de 2023


84. Vaughan Williams: Sinfonia nº 5, The Lark Ascending |

A Sinfonia nº 5 e o The Lark Ascending de Vaughan Williams, frutos de amor e espiritualidade a partir de um prado britânico. 






Pelo aniversário da passagem de um instante de 5 anos aos voos sem companhia.
Percorreram-se 25 anos. A memória é de prata, a instrução foi de ouro, o desafio seria de diamante.

(PS: a Química finalmente aconteceu...)






A Sinfonia nº 5 de Ralph 
Vaughan Williams (1872-1958) continua ainda hoje a deixar-nos com algumas incertezas sobre as motivações ou inspirações que levariam o seu criador a esboçar tamanha maravilha sonora, a esculpir a obra-prima que cuidadosamente dedicaria "A Jean Sibelius, sem permissão e com a mais sincera lisonja, cujo grande exemplo é digno de imitação". Com efeito, se alguém ainda mantivesse alguma dúvida sobre o mais alto valor artístico desta obra (que, como calculam, não será o meu caso... e acredito que também não será o vosso depois de escutarem "o belo" exemplo que deixo em baixo a cargo do André Previn), a humildade do eu e o reconhecimento do génio do outro não deixariam, neste caso, qualquer pergunta sobre as qualidades humanas de Vaughan Williams sem resposta.
A história desta sinfonia começaria algum tempo antes do terror provocado pelas duas guerras mundiais e nasce quando o compositor decide escrever em 1906 a música de cena para a alegoria de inspiração cristã de John Bunyan, "The Pilgrim's Progress", tendo talvez surgido ali a ideia para a composição da ópera com esse nome que viria a finalizar em 1951. Na realidade, a falta de condições para a apresentação de espectáculos de maior complexidade, motivada pelos conflitos mundiais existentes naquela altura, faria com que a ideia de uma ópera se adiasse e que alguma da música pensada inicialmente para o palco viesse a ser utilizada na sua Sinfonia nº 5, uma obra que começaria intensionalmente a esboçar a partir de 1938, ficando concluída nas vésperas da estreia, a 24 de Julho de 1943, num Concerto Promenade do Royal Albert Hall dirigido pelo próprio compositor. A ideia em tempo de paz para esta "quinta", a "natureza" espiritual de uma obra literária e a "campanha" artística em tempo de guerra, permaneceriam como factores principais na tentativa de compreensão do ânimo do compositor e do que o motivaria a trilhar o seu caminho, um trajecto que, para mim, o levaria sempre ao encontro dos campos e pastagens da sua verdejante Inglaterra rural ("como eventualmente já se terão apercebido").
As opiniões multiplicar-se-iam após a primeira audição, ficando famosa a frase do compositor de que "os símbolos do compositor são os do ouvido", o que deixaria a sensação de que não apreciaria particularmente os significados concretos (limitadores da expressividade e da emoção pessoal dos intérpretes) atribuídos à sua obra por alguns comentadores menos sensíveis e o levaria ainda a escrever numa bela ocasião: "Sinto-me muito zangado com os críticos que consideram que a minha quarta sinfonia "significa" guerra e a minha quinta "significa" paz.".
Este desabafo seria a sua resposta à reacção da maioria do público, que à procura de uma réstia de esperança dentro do nevoeiro da 2ª guerra mundial, haveria de dar grande enfase à serenidade da música, atribuindo-lhe o caracter de "abençoada", assim como à atitude de alguns críticos, que após descobrirem a sua ligação a "The Pilgrim's Progress", a tentariam relacionar sem sucesso à trajectória emocional da partitura.
No fundo, é fácil entender o comportamento dos ouvintes e a sua profunda impressão, indevidamente, mas compreensivelmente influenciada pelas ansiedades das circunstâncias de uma guerra que levaria muitos a encontrar naquelas notas de música a calma necessária para a chegada da paz ou a libertação dos dias cinzentos que viviam. Para isso, basta escutarmos as memórias da sua esposa Ursula: "Durante a guerra, as temporadas dos Proms começavam mais cedo no ano e os concertos diários começavam também mais cedo para que o público pudesse usufruir da luz do dia para retornar a casa antes dos ataques aéreos. O Albert Hall esgotado no dia do solstício de verão de 1943, quando Vaughan Williams dirigiu a Orquestra Filarmónica de Londres na estreia da nova sinfonia, teria sofrido de infindáveis noites sem dormir, de ansiedades, de medos, da mesma forma que a maioria da população; mas a sinfonia daria tamanha serena certeza, tamanha calma dourada, que o mundo parecia renovado. Haveria um longo respirar de silêncio antes do aplauso final começar. Lá fora, o final de tarde de verão estava brilhante e imóvel, e a paz e a coragem que teria lançado o seu feitiço nos ouvintes continuaria mais além, através daquele mundo difícil".
Ainda assim, a proposta que abre esta obra dificilmente poderá ser considerada pacífica ou apaziguadora. No primeiro andamento [I], tal como nos restantes três, a serenidade é estabelecida apenas para ser quebrada, acabando em ambiguidade e sem a certeza de bons augúrios, com neblinas no ar e várias perguntas que ficam por responder. O irónico segundo andamento [II], com o sinistro odor a águas termais umas vezes e a misteriosa frescura da água benta noutras, daria rapidamente lugar ao repouso espiritual com a introdução d'"o belo" terceiro andamento [III], embora por pouco tempo, pois logo Vaughan Williams nos emocionaria com a enorme solidão de um olhar no horizonte, à procura, quem sabe, daquela particularidade da arte superlativa nos prados floridos da sua terra, como gosto de acreditar (...e acredito que a conseguiu encontrar, abraçado aos três amores da sua vida: Adeline, Ursula e Foxy, no pátio da sua casa de Portões Brancos, em Dorking). O quarto andamento [IV] chegaria por fim como uma conquista formal marcante, sendo ao mesmo tempo uma adaptação engenhosa da Passacaglia barroca e um estudo de dissolução gradual. Inicia-se confiante, com a promessa de resposta sobre questões antigas a pairar na tonalidade de ré maior que se sente mais claramente no ar. Mas o esforço seria em vão, novas perguntas voltam a colocar-se e a esperança em respostas conclusivas volta a desvanecer-se, deixando-nos com a consolação da beleza no "ouvido" e o mistério sobre a luz que desvanece no pensamento.  


The Lark Ascending [LA], o "Romance para violino e orquestra" que Vaughan Williams baptizou de forma certeira, seria escrito em 1914, revisto em 1920 e publicado em 1926, pelo que é frequentemente considerado uma produção anterior à 1ª Guerra Mundial, um entendimento que a inocência pastoral da música facilmente nos fará concordar.
Esta obra seria estreada na sua versão original para violino e piano, por Marie Hall (violinista dedicatária da peça) e George Mendham, no Shirehampton Public Hall, a 15 de Dezembro de 1920. A estreia da versão para orquestra seria interpretada também por Marie Hall, juntamente com a Orquestra Sinfónica Britânica dirigida por Adrian Boult, no Queen's Hall de Londres, a 14 de Junho de 1921, num concerto realizado no âmbito do 2º Congresso de Música Britânica. A aceitação do público e da crítica teria sido excelente, o que seria de esperar tendo em conta a genialidade de uma obra que nos continua a maravilhar audição após audição, com uma melodia que parece ilimitada para as variações possíveis de concretizar com aquela ideia básica de quatro notas.   
The Lark Ascending estará seguramente entre as mais belas impressões musicais da paz que nos é transmitida pela ruralidade britânica. A música envolve-nos naquele tranquilo dia de verão, durante o qual uma cotovia voa e canta por cima de uma paisagem quase silenciosa. O canto é retratado por solos de violino de uma beleza extraordinária, com o ambiente mágico da obra a ser suportado brilhantemente pelo acompanhamento orquestral, com as suas subtilezas e maravilhosas nuances da paleta de sons.
Contudo, e embora se sinta completamente o caracter idílico da música, com os acordes suaves da orquestra a fazer destacar as frases do solista na imitação do canto dos pássaros, não seria a natureza a inspirar Vaughan Williams, mas sim o poema "The Lark Ascending", de George Meredith, com as doze linhas em baixo a serem inscritas pelo próprio compositor no prefácio da partitura:

He rises and begins to round,
He drops the silver chain of sound,
Of many links without a break,
In chirrup, whistle, slur and shake.

For singing till his heaven fills,
'Tis love of earth that he instils,
And ever winging up and up,
Our valley is his golden cup
And he the wine which overflows
to lift us with him as he goes.

Till lost on his aerial rings
In light, and then the fancy sings.

A pureza do génio tem destas coisas, pois se a música foi inspirada no poema, também o poema poderia facilmente ser a resposta para a música. Tal como diria o The Times, após a estreia do Queen's Hall, sobre o autor d'"a única obra de um longo programa que mostraria um suave desprezo pelos modos de hoje e de ontem": "Ele sonha o seu caminho."... e pode levar com ele todo aquele que deseje sonhar também.

  
- Nuno Oliveira?     
                                                                                                                  - Presente!    



"Sinfonia nº 5, em ré maior"
"The Lark Ascending"




✨ Extractos que proponho para audição: (Sinfonia nº 5)
      (nota: ver também publicações nº 6, 47 e 55)
  • London Symphony Orchestra
  • André Previn
  • RCA, RD89882
"o belo": obra completa, especialmente o maravilhoso 3º andamento (com a tensão no
                limite da razão, tornando impossível sair emocionalmente ileso e sem alguns
                arrepios na espinha)com alguns destaques identificados a seguir;
                    [I]: tutti, aos 0:00-3:47 (Pastagens serenas e a questão perdida entre as brumas
                no horizonte.) [youtube]
                [II]: metais, aos 4:16-4:24 (Precipícios termais de Linz.) [youtube]
                [III]: corne inglês e cordas, aos 0:00-1:59; tutti, aos 2:57-4:30 e 8:37-10:17 (A
                Romanza de antologia que nos transcende e transporta para "o belo" mundo
                natural.) [youtube]
                [IV]: tutti, aos 7:26-... (A síntese desta "Quinta" começa aqui...[youtube]






  • Royal Liverpool Philharmonic Orchestra
  • Vernon Handley
  • EMI, CD-EMX 9512
"o belo": (Sentimentos profundos, emoção e um refinado lirismo poético na
                 interpretação de referência para muitos apreciadores desta obra.
                 Um registo glorioso e simplesmente imperdível.)
                 [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]






  • The London Symphony Orchestra
  • Bryden Thomson
  • Chandos, CHAN 8554
"o belo": (Sonoridade exuberante e poderosa, mas ao mesmo tempo com a fluidez
                 vibrante e clarividente típica do mestre Thomson. Interpretação de excelência
                 e uma fabulosa escolha também.)
                 [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]
                 [LA] [youtube]






  • Bournemouth Symphony Orchestra
  • Kees Bakels
  • Naxos, 8.550738
"o belo": (Paixão directa numa excelente performance dos músicos de Bournemouth,
                 com destaque para os magníficos solos nas madeiras e o som acutilante dos
                 metais. Um registo brilhante, com estatura e também uma excelente opção.)
                 [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]






  • London Philharmonic Orchestra
  • Roger Norrington
  • Decca, 458 357-2 GH
"o belo": (Uma proposta com sonoridades menos intensas e pianíssimos puros e
                  e cristalinos. A preferência dos que valorizam uma poesia sem excessos
                 de romantismo. Uma escolha de qualidade a ter em conta.)
                 [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]




 
   
✰ Outras sugestões:
  • Leonard Slatkin/Philharmonia Orchestra, RD60556 (Uma interpretação de extremos, marcada por um Scherzo à hora de ponta e uma Romanza vivida sem hora marcada. Um registo diferente para descobrir.), [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]





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✨ Extractos que proponho para audição: (The Lark Ascending)
      (nota: ver também publicações nº 6, 47 e 55)
  • Nigel Kennedy
  • City of Birmingham Symphony Orchestra
  • Simon Rattle
  • EMI, CDC 5 56413 2
"o belo": toda a obra (A fragilidade humana retratada de forma sublime por aquela
                cotovia. Uma interpretação inspiradora e imperdível por um Kennedy ao seu
                melhor. Icónico.), com alguns destaques, identificados a seguir;
                [LA]: violino, aos ...-0:15 (Brincar no ar.) e 2:55 (Suspensão confiante e
                "o belo" planar.); trompa e violino, aos 4:15 (Domínio das rotas desejadas.);
                violino, aos 6:31 (Lembrança das brincadeiras no ar.); violino e tutti, aos 7:50
                (Acrobacias em companhia.), 9:10 (Usufruto pleno da habilidade.), 11:10 ("o
                belo" e desconcertante percurso...) e 14:23-... (... até à viagem final.) [youtube]






  • Hilary Hahn
  • London Symphony Orchestra
  • Colin Davis
  • Deutsche Grammophon, 00289 479 8295 GM2
"o belo": (Rubatos e cedendos num voo cristalino que faz sentido. Obrigatório.)
                [LA] [youtube]






  • Iona Brown
  • Academy of St. Martin-in-the-Fields
  • Meville Marriner
  • Argo, 414 595-2 ZH
"o belo": (Um voo ao longe, que se vai aproximando lentamente ao coração do
                ouvinte. Interpretação inspiradora a não perder.)
                [LA] [youtube]






  • Christopher Warren-Green
  • London Chamber Orchestra
  • Christopher Warren-Green
  • Virgin, CUV 5 61126 2
"o belo": (Asas juvenis, inquietude juvenil, irreverência juvenil. Sensibilidade adulta.
                Um registo radiante e uma excelente escolha também.)
                [LA] [youtube]






  • Pinchas Zukerman
  • English Chamber Orchestra
  • Daniel Barenboim
  • Deutsche Grammophon, 419 748-2 GH
"o belo": (O bater de asas sonoro num voo sem complexos de inferioridade. Uma
                opção de qualidade a ter em conta.)
                [LA] [youtube]






  • Michael Bochmann
  • English String Orchestra
  • William Boughton
  • Nimbus, NI 5211
"o belo": (Uma viagem mais introspectiva ao encontro da luz. Boa escolha.)
                [LA] [youtube]






  • David Nolan
  • London Philharmonic Orchestra
  • Vernon Handley
  • EMI, CD-EMX 9508
"o belo": (O ar está quente e o voo é tranquilo. Boa escolha também.)
                [LA] [youtube]







✰ Outras sugestões:
  • Richard Friedman/Ross Pople/London Festival Orchestra/ASV, CD DCA 779 (Voo seguro e sem riscos, com uma sonoridade simples e directa. Um registo a descobrir.), [LA] [allmusic]






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Ralph Vaughan Williams e Foxy ["The White Gates", Dorking, 1942]





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"Fim de ciclo..."

Classe de 1993-1998 da Licenciatura em Eng. Mecânica - Faculdade de Ciências e Tecnologia
[Universidade de Coimbra, Maio de 1998]




"...e início da viagem."

O meu pai (à dir.), 30 anos antes de mim [Águeda, 1968]




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"Romanza"

A Nivea no jardim da sua casa [Nelas, 30-08-2023]



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sábado, 21 de outubro de 2023


83. Berlioz: Harold em Itália |

O "Harold em Itália" de Hector Berlioz, o desapego e a paixão como marcas de um guião.






Para a querida Inês
(...e a sua viola).






Gosto como às vezes certas coisas fazem tanto sentido, como é o caso da narrativa que começa agora. A companhia amena da viola neste Harold em Itália, op. 16, do ícone do romantismo francês (que não me parece nada excessivo) chamado Hector Berlioz (1803-1869), não poderia estar mais próxima à "idée fixe" que rege o registo sereno da vida da nossa Inês. Em ambas, as horas são tranquilas, algumas nuvens mais persistentes começam a dissipar-se nos céus de cada um, existem soluções, o abraço é acolhedor. Os que aproveitam desse tempo são felizes e devem lembrá-lo, para além de agradecê-lo.
A ideia para a criação deste Harold em Itália terá chegado por via do violinista virtuoso italiano Niccolò Paganini. O músico teria adquirido recentemente uma magnífica viola Stradivari e ansiava exibi-la, tendo para isso convidado Berlioz a escrever uma obra do género concertante para este instrumento. Berlioz acederia a esse desejo e começaria a escrever o primeiro andamento da peça, vindo depois a apresentá-lo ao violinista que, contudo, não terá ficado agradado ("...existem demasiadas pausas e eu tenho que estar sempre a tocar...", diria), para surpresa do compositor.
Esta rejeição levaria Berlioz a abandonar a ideia original e a começar a trabalhar numa "Sinfonia em 4 andamentos com solos de viola" (designação com que seria publicada mais tarde), transferindo o virtuosismo desejado por Paganini para, tal como diria o compositor, a: "colocação da viola na neblina das recolhas poéticas deixadas pelas deambulações em Abruzzes e fazê-la disso uma espécie de sonhadora melancólica à maneira do Childe Harold de Byron", destacando-se de imediato as ideias de Itália e do poeta inglês Lord Byron nas suas palavras.
À semelhança de muitos outros românticos, Berlioz viria também ele a responder com paixão ao exemplo de Byron, cuja vida e carácter intensos lhe teriam fascinado tanto quanto a sua obra literária (a misteriosa rebeldia do herói solitário, com a qual Berlioz possivelmente se identificava, levá-lo-ia à morte em 1824, na Guerra da Independência Grega). Berlioz apreciaria particularmente o poema épico "Childe Harold's Pilgrimage", uma obra vasta e uma das suas criações mais famosas, mas que, no entanto, não teria por si só servido de modelo para o seu Harold em Itália (nenhuma das peripécias do poema de Byron estão aliás ilustradas directamente na música), apesar do último dos seus quatro cantos se passar em Itália. Em vez disso, acredita-se que teria sido uma mistura das memórias felizes da sua estadia em Itália entre 1831 e 1832, com essas reminiscências literárias, aquilo que lhe inspiraria à criação desta obra.
Berlioz viria a permanecer alguns meses em Itália após vencer o importante Prémio de Roma em 1831 (prémio instituído pelo governo francês que permitia aos artistas o estudo num ambiente rodeado de tesouros de arte clássica, como a pintura e a escultura), vivendo o seu subconsciente romântico a deambular pelo Forum, a ouvir as serenatas e os instrumentos tradicionais tocados por camponeses e a percorrer velhas estradas. Naquele país, ficaria fascinado com Subiaco e inspirar-se-ia durante o longo caminho entre Nápoles e Roma: "Há muito que queria ir ao Monte Posillipo, a Calabria ou a Capri e colocar-me ao serviço de um chefe de salteadores. Esta é a vida que almejo: vulcões, rochas, amontoados de ricas pilhagens nas cavernas das montanhas, um concerto de gritos acompanhado por uma orquestra de pistolas e carabinas, sangue e Lachryma Christi, uma cama de lava abalada por tremores subterrâneos. Allons donc, voilá la vie!" (com o epíteto de "ícone do romantismo francês" a justificar-se também bem por estas paragens).
Na realidade, seria o próprio Berlioz a escolher o título (memórias felizes...) de cada um dos quatro andamentos do seu Harold em Itália, mas, tal como o herói de Byron (reminiscências literárias...), a viola ficaria com o papel do comentador que observa sossegadamente o desenrolar dos acontecimentos, vagueando pelos cenários italianos como o forasteiro romântico daquele poema, utilizando para isso uma melodia recorrente, denominada de tema de Harold ("idée fixe"), em todos os andamentos. O primeiro andamento, "Harold nas montanhas: cenas de melancolia, felicidade e alegria" [1], introduz-nos o passeio introspectivo até ao cenário selvagem da região de Abruzzes (situada entre Nápoles e Roma), enquanto que o segundo, "Marcha dos peregrinos a cantarem a sua oração ao final da tarde" [2], ilustraria uma procissão escutada ao longe, que depois de passar pelo ouvinte se desvanece novamente no pó da estrada. Surgiria depois o terceiro andamento, "Serenata de um montanhês de Abruzzes à sua amante" [3], que reflectiria não só a diversão do compositor com o som estridente das gaitas dos "pifferari" (com o oboé e o flautim a encarregarem-se disso), os populares tocadores das gaitas de foles tradicionais daquela região, como também a sua admiração pelas habituais serenatas apaixonadas (...pelo corne inglês, neste caso), até que finalmente chegaria o quarto andamento, "Orgia dos salteadores; memórias de cenas anteriores" [4], cuja música vigorosa seria apenas interrompida pela memória distante dos peregrinos e pelo último apontamento do solista antes de submergir no final frenético de fuga ao terror provocado por aquela quadrilha.
Harold em Itália ficaria concluída em 1834, estreando-se no Conservatório de Paris a 23 de Novembro desse ano. Paganini, o virtuoso que nunca interpretaria esta obra, também não estaria entre a plateia dessa noite. Seriam necessários cinco anos para que se desvanecesse, tal como aquela procissão, algum eventual desconforto, pelo que o violinista apenas a viria a ouvir em 1839. Niccolò teria certamente concordado com a opinião do seu amigo Hector, tratava-se realmente "mais de uma sinfonia do que de um concerto" e até as recordações recolhidas no último andamento faziam lembrar o estilo da maravilhosa 9ª do Ludwig van. O atormentado virtuoso do violino já não conseguiria resistir mais. A proclamação de Berlioz como o verdadeiro herdeiro de Beethoven foi o que melhor lhe ocorreu fazer.
Obrigado, Inês! é o que melhor que me ocorre fazer a mim.

 
Nuno Oliveira

                          



"Harold em Itália, sinfonia em 4 andamentos com solos de viola, op. 16"


✨ Extractos que proponho para audição:
  • Gérard Caussé
  • Orchestre Révolutionnaire et Romantique
  • John Eliot Gardiner
  • Philips, 446 676-2 PY
"o belo": obra completa, com alguns destaques identificados em baixo (A performance
                com instrumentos de época de referência. Som intenso e misterioso, com
                pianíssimos deslumbrantes e o timbre suave da viola de Gérard Caussé a 
                demonstrar o vasto conhecimento da obra. Um registo fabuloso e imperdível.)
                [1]: tutti, aos 0:00-1:10 ("o belo" mistério em instrumentos de época.); viola,
                aos 7:54 e 9:05 (Danças de viola.); tutti e metais, aos 13:45-14:05 e
                14:37-14:53 (Encomenda de cutelaria sonora.[youtube]
                [2]: viola, aos 3:45-5:28 (A viola sobrenatural de Gérard Caussé.) [youtube]
                [3]: corne inglês, aos 0:39-1:08 (Pastoral italiana.) [youtube]
                [4]: tutti e trombone, aos 0:16-0:48 (Assuntos das profundezas.); tutti, aos
                10:13-10:40 (Música de câmara ao longe.); tutti, aos 3:11-5:27, 6:18-8:37,
                9:22-10:02 e 10:51-12:12 (Urgência e excitação com múltiplos brilhos.) [youtube]






  • Donald McInnes
  • Orchestre National de France
  • Leonard Bernstein
  • EMI, CDM 7 64745 2
"o belo": (Interpretação excitante, onde se sente a autenticidade dos intérpretes franceses.
                Dinâmicas contrastantes de Bernstein e sonoridade intimista da viola de McInnes.
                Um registo famoso gravado na mítica Salle Wagram, em Paris, a não perder.)
                [1] [youtube], [2] [youtube], [3] [youtube], [4] [youtube]






  • Pinchas Zukerman
  • Orchestre Symphonique de Montréal
  • Charles Dutoit
  • Decca, 421 193-2 DH
"o belo": (Um registo majestoso, onde se destacam a sensibilidade e a expressividade da
                viola de Zukerman. A música é sentida de forma quente. A vida é vivida sem pressa.
                Excelente escolha também.)
                [1] [youtube], [2] [youtube], [3] [youtube], [4] [youtube]






  • Joseph de Pasquale
  • Philadelphia Orchestra
  • Eugene Ormandy
  • Sony, SBK 53255
"o belo": (Um clássico dos anos 60 gravado em Filadélfia. Destaque para a interpretação
                orquestral acutilante e para a sonoridade delicada do solista. Aqui existe drama e
                introspecção. Uma boa opção.)
                [1] [spotify], [2] [spotify], [3] [spotify], [4] [spotify], [1-4] [iTunes]





  
   
✰ Outras sugestões:
  • Gérard Caussé/Michel Plasson/Orchestre du Capitole de Toulouse/EMI, CDC 7 54237 2 (Uma interpretação diferente, mais nervosa que lírica. A velocidade é elevada, o discurso é directo e a viola de Caussé esconde a fragilidade e mostra agora a bravura que se lhe exige. Um registo a descobrir.), [1] [youtube], [2] [youtube], [3] [youtube], [4] [youtube]




  • Wolfram Christ/Lorin Maazel/Berliner Philharmoniker/Deutsche Grammophon, 415 109-2 GH (Performance gravada ao vivo mas que, ao contrário do que poderíamos prever, privilegia a tranquilidade à tensão.), [1] [youtube], [2] [youtube], [3] [youtube], [4] [youtube]






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Hector Berlioz [Roma, 1832]





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Inês e a viola





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Inês nos Países Baixos

[Rucphen, Países Baixos, 28-09-2023]




[Roterdão, Países Baixos, 28-09-2023]



[Roterdão, Países Baixos, 28-09-2023]



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sexta-feira, 11 de agosto de 2023


82. Mendelssohn: sinfonia nº 3, "Escocesa" |


A sinfonia nº 3 de Felix Mendelssohn e a visão romântica do passado da Escócia, presente na natureza de um bardo alemão.






Para a Susana e a Vânia.
Entre a fogosidade latina e a candura escandinava fica a beleza escocesa.






Se a época é de férias, então o momento é de retorno à "música de viagem" do genial Felix Mendelssohn (1809-1847). Depois da Sinfonia nº 4, "Italiana" (publicação nº 70), é com entusiasmo que agora proponho a sua Sinfonia nº 3, "Escocesa", porventura a sinfonia mais famosa das cinco que compôs ao longo da sua curta (mas cheia!) vida. É possível que alguns melómanos deste compositor possam talvez discordar (o assunto é controverso, não fosse o gosto discutível), mas para mim, a "Escocesa" é, das suas sinfonias, aquela que mais me ajuda a romper a neblina da vida ao encontro da luz de melhores dias, ou utilizando as palavras clarividentes de Francisco, o Papa Jesuíta, partilhadas há poucos dias em Lisboa, aquela que mais facilmente me incentiva a "trocar o medo pelo sonho" (uma mensagem poderosa, tal como o são, individualmente, a realidade do medo e o impacto do sonho).  
Pouco tempo depois de completar vinte anos de idade, Mendelssohn viria a iniciar uma séria de viagens pela europa que lhe ocupariam os cinco anos seguintes e lhe proporcionaria uma considerável fonte de inspiração. Começa por visitar Londres na primavera de 1829, uma cidade que apreciava o compositor como nenhuma outra no mundo, realizando ali alguns concertos e seguindo no final de Julho para umas férias na Escócia, acompanhado por Karl Klingermann, um amigo de Berlim que estava destacado em Londres como secretário da delegação de Hannover.
Apesar do seu aparente desinteresse pelas gaitas de foles tradicionais e pela própria música popular escocesa, o mistério e a beleza natural do país, assim como as consideráveis associações românticas da sua história, tornar-se-iam as sementes para o nascimento da sua "Sinfonia Escocesa", sendo também importante referir que o talento para a escrita de viagem reflectido nas suas cartas, proporcionar-nos-ia uma boa imagem do percurso que faria por Glasgow, Edimburgo, Perth, Inverness, Loch Lomond, Iona, Mull e Staffa, para além do desvio que igualmente teria feito até Abbotsford para visitar o escritor Sir Walter Scott.  
As primeiras ideias para esta sinfonia surgir-lhe-iam em Edimburgo, mais propriamente na visita que faria de forma ansiosa às ruínas da capela de Holyrood House, o local onde a trágica rainha Mary Stuart "teria vivido e amado", onde teria sido coroada e onde Davide Rizzio, o seu secretário particular, havido sido assassinado. No dia 30 de Agosto transmitiria os seus sentimentos numa carta para casa: "Ervas e heras crescem no altar quebrado onde Mary foi coroada rainha da Escócia. Tudo à volta está partido e a desfazer-se em pó, e a luz do céu brilha lá dentro. Acredito que hoje encontrei naquela velha capela o início da minha Sinfonia Escocesa". Paisagens naturais, personagens históricas, as suas intrigas, conflitos e feitos de guerra, teriam sido estas impressões aquelas que Mendelssohn supostamente absorveria para criar o ambiente elegíaco do início da obra, bem como a cena de tempestade no final do primeiro andamento e o quarto andamento, um Allegro guerriero a fazer lembrar uma espécie de "canção de agradecimento após a vitória em batalha".
No entanto, a escrita desta "Sinfonia Escocesa" viria a progredir lentamente. As suas cartas haveriam de a mencionar algumas vezes em 1830, durante a famosa viagem que faria a Itália (uma experiência que lhe inspiraria a escrita da sua Sinfonia nº 4, "Italiana"), comentários que fariam suspeitar alguma influência dos céus azuis mediterrânicos no despreendimento para o que estaria inicialmente projectado. Em março de 1831 escreveria numa carta à família: "Quem iria imaginar que eu acharia impossível retornar à minha disposição das neblinas escocesas? Foi por isso que pus de lado a sinfonia por agora". Na realidade, seria necessário cerca de uma década para que o compositor deixasse em lume brando certas formas que teria em mãos (italianas ou outras, talvez escocesas) e retornasse aos conteúdos (escoceses ou outros, eventualmente italianos) desta sinfonia. O trabalho de composição recomeçaria em 1841 e a obra ficaria acabada no Inverno de 1842. Seria depois estreada em casa, na Gewandhaus de Leipzig, no dia 3 de Março de 1842, como a sua terceira sinfonia; uma numeração à partida um pouco confusa, visto que a sua quarta ("Italiana") já teria sido previamente estreada em 1833 (...num bom exemplo de formas iluminadas pelo calor latino a ultrapassar cronologicamente conteúdos superiormente interessantes encontrados mais a norte, comum em qualquer jovem na casa dos 20 anos, fosse ele um génio alemão ou não... como, aliás, tenho vindo a observar de forma caseira, nestes dias ao sol algarvio).
Depois da estreia, o compositor viria ainda a realizar algumas alterações antes de a levar para Londres, naquela que seria a sua décima sétima viagem àquele país. A Rainha Victoria e o Príncipe Albert eram conhecidos admiradores da sua música, sendo também intérpretes competentes das suas canções e da sua música de câmara (um legado cultural que se fosse mantido pelos dignatários das mais importantes casas mundiais, reais ou plebeias com responsabilidades reais, talvez pudesse evitar alguma da barbárie cultural televisiva dos festivais de verão), pelo que não seria de estranhar que esta admiração se transformasse em amizade e esta se demonstrasse sob forma de dedicatória da obra à monarca inglesa. A forma e conteúdo finais da sinfonia seriam finalmente apreciados pela primeira vez na Philharmonic Society, no dia 13 de Junho de 1843. A direcção terá sido a do próprio Mendelssohn, para gáudio dos seus fans e amigos britânicos. 
O compositor não revelaria qualquer programa específico para a sinfonia, mas, no entanto, destacaria a seguinte instrução na partitura: "Os andamentos individuais desta sinfonia devem surgir uns atrás dos outros, sem serem separados entre si pela pausa longa habitual. O conteúdo individual dos andamentos pode ser dado ao ouvinte no programa de concerto, do seguinte modo: Introdução e Allegro agitato [1- Scherzo assai vivace [2- Adagio cantabile [3- Allegro guerriero e Finale maestoso [4]". Desta forma, ficaria mais clara a pretensão do compositor em criar uma música que ilustrasse os ambientes que estimulassem a imaginação do público, em vez de o orientar com uma narrativa pré-concebida. A orquestração rica e simultaneamente viril dos seus primeiro e quarto andamentos faria imaginar em alguns ouvintes a atmosfera dos romances históricos de Sir Walter Scott, um escritor que Mendelssohn teria conhecido pessoalmente naquele desvio a Abbotsford. As sensações de grandeza e decadência sugeridas pelas ruínas de Holyrood mostrar-se-iam logo aos primeiros compassos da Introdução da obra, sentindo-se, mais tarde, a energia militar do Allegro guerriero a movimentar-se para o clímax final que encerraria a sinfonia. O segundo andamento introduziria ritmos e melodias em forma de dança ao gosto escocês, seguindo-se depois uma espécie de recitativo a abrir "o belo" andamento lento, reforçando a ideia de um ambiente proposto pelo compositor ao qual cada ouvinte responderia à sua maneira... após a correspondente meditação individual. Se houver curiosidade, a minha pode ser encontrada em baixo, na visão de Claudio Abbado do canto de um bardo alemão, um Felix património da humanidade. 


Nuno Oliveira




"Sinfonia nº 3, em lá menor, op. 56, "Escocesa""


✨ Extractos que proponho para audição: (ver também publicações nº 48, 50 e 70)
  • London Symphony Orchestra
  • Claudio Abbado
  • Deutsche Grammophon, 415 973-2 GH
"o belo": toda a obra, principalmente o primeiro e terceiro andamentos (Sonoridade
                sumptuosa, majestosidade e expressividade nas raias do divino. A visão
                inspirada do mestre Abbado e dos músicos londrinos que a torna num poema
                de leitura obrigatória. Registo superlativo. Referência absoluta.)
                    [I]: tutti, aos 0:00-3:45 (Da suave maresia da costa escocesa...) e 3:46-14:29
                (...aos ventos fortes das terras altas que nos embalam "o belo" violoncelo
                (11:56-13:00).); tutti, aos 14:30-16:00 (Das tempestades na terra e no mar...)
                e 16:01-16:53 (...ao surgimento d"o belo" céu limpo.) [youtube]
                [II]: clarinete, oboé e tutti (Brincadeiras na natureza.) [youtube]
                [III]: tutti, violoncelos aos 5:36-7:12 e madeiras aos 10:30-10:50 ("o belo"
                 poema, águas profundas onde Schumann se banhou, ar penetrante que Mahler
                inspirou.) [youtube]
                [IV]: tutti, aos 7:28-8:42 (Música para a glorificação de um país...); trompas,
                aos 8:43-9:12 (...e apoteose final!) [youtube]






  • Israel Philharmonic Orchestra
  • Leonard Bernstein
  • Deutsche Grammophon, 439 980-2 GGA
"o belo": (Carga emocional e intensidade forte gravadas ao vivo na cidade alemã de
                 Munique em 1979. Um registo sublime como um gesto de reconciliação pode
                 ser. A referência para muitos melómanos. Icónico e imperdível.)
                 [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]






  • The Chamber Orchestra of Europe
  • Nikolaus Harnoncourt
  • Teldec, 9031-72308-2
"o belo": (Uma interpretação entre o vigor e a ferocidade, com dinâmicas bem
                 marcadas e a sonoridade penetrante dos metais, com destaque para o
                 vibrante final. A sensibilidade do mestre Harnoncourt e a intuição da
                 magnífica COE num registo poderoso e exuberante a não perder.)
                 [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]






  • Gewandhausorchester Leipzig
  • Kurt Masur
  • Teldec, 0630-18954-22
"o belo": (Sonoridade cintilante e interpretação sofisticada como só a orquestra de
                Leipzig e o mestre alemão poderiam proporcionar. O perfume de Mendelssohn
                ainda se sente na Gewandhaus, a música é emocionante, o registo é memorável.
                Uma escolha com pedigree a não perder também.)
                [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]






  • Heidelberger Sinfoniker
  • Thomas Fey
  • Hänssler, CD 98.552
"o belo": (Interpretação viva e espontânea em instrumentos de época, conferindo-lhe um
                brilho e nitidez extra, mas mantendo ao mesmo tempo o aconchego sonoro com as
                suas texturas e cores características (magnífico aos 10:20-11:03 do início da obra).
                Um registo surpreendente por tão bom que é.)
                [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube][youtube]






  • San Francisco Symphony
  • Herbert Blomstedt
  • London, 433-811-2 LH
"o belo": (Performance fresca e natural, com destaque para o vibrato límpido e a
                 jovialidade interpretativa do mestre Blomstedt. A energia que emana da
                orquestra norte americana sente-se no ar. Magnífica escolha.)
                [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]






  • Bamberger Symphoniker
  • Claus Peter Flor
  • RCA, 09026-60893-2
"o belo": (Sonoridade cristalina e visão detalhada, com o fagote a ser um bom
                exemplo disso logo aos 5:07 da obra. Interpretação excitante e apelativa
                ao estilo do mestre Flor. Uma excelente opção a ter em conta também.)
                [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]






  • London Classical Players
  • Roger Norrington
  • EMI, CDC 7 54000 2
"o belo": (Performance brilhante, com a luminosidade sonora dos instrumentos
                de época em destaque. A visão directa do mestre Norrington e a pureza
                interpretativa dos músicos ingleses são notórias. Uma escolha de qualidade e
                um registo de eleição para os adeptos das cordas de tripa e metais cortantes.)
                [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]






  • Academy of St. Martin-in-the-Fields
  • Neville Marriner
  • Argo, 411 931-2 ZH
"o belo": (Som fresco e interpretação de um romantismo mais delicado. Cordas bem
                marcadas, madeiras e metais de qualidade. O mestre Marriner é sensível aos
                detalhes da obra. Boa opção.)
                [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]






   
✰ Outras sugestões:
  • Jaime Laredo/Scottish Chamber Orchestra/Nimbus, NI 1765-5525 (Uma proposta por nativos escoceses interessante de conhecer.), [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube]




  • Roger Norrington/Radio-Sinfonieorchester Stuttgart des SWR/Hänssler, CD 93.133 (Interpretação de época, ausente de vibrato o que lhe acrescenta clareza e articulação, mas retira algum calor sonoro. Uma boa opção.), [I] [youtube], [II] [youtube], [III] [youtube], [IV] [youtube][youtube]






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Felix Mendelssohn [Inglaterra, 1829]





Vista do Lago Awe [gravura de Felix Mendelssohn, 09-08-1829]



Vista do Vale de Trossachs [gravura de Felix Mendelssohn, 13-08-1829]




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Entre a fogosidade latina e a candura escandinava

As primas Susana (dir.) e Vânia (esq.) [Casamento da Rita e do Xavier, Águeda, 08-10-2022]


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