"Uma vida de Herói", por Richard Strauss, ou a justa vitoriosa ao som de trompetes resplandecentes à luz de um amanhecer, que D. Juan testemunhou ao lado da sua amada (...e do Criador...).
Para dois dos meus (super) heróis.
Pelos seus exemplos de honestidade, respeito, humildade e amor, que fizeram de mim aquilo que sou.
Um dos mais belos exemplos do romantismo clássico dos finais do séc. XIX, seria aquele em que Richard Strauss (1864-1949) retrataria a história de um qualquer homem comum (bem-sucedido...), de alguém que procura a sua própria individualidade, ultrapassa os obstáculos do caminho, encontra o amor e atinge o seu próprio destino, ou, pelo menos, aquele que desejou para si próprio, em maior ou menor grau de grandiosidade.
E, assim, nasceria Uma vida de Herói, o poema sinfónico para grande orquestra (onde, entre outros, constariam oito trompas, cinco trompetes e uma quantidade generosa de elementos de percussão e cordas, esta última nunca inferior a sessenta e quatro elementos... uma realidade observável nos países que se importam com os pormenores, é claro), cuja partitura viria a ser escrita, de forma complementar, por altura da criação de outra das suas obras, o seu D. Quixote (...a história, por sinal, encarregar-se-ia, mais tarde, de inverter essa complementaridade), concluída a 1 de Dezembro de 1898, em Berlim, e estreada a 3 de Março de 1899, em Frankfurt, sob a direcção do compositor.
Esta obra ficaria ainda marcada por alguma controvérsia no que diz respeito ao elemento autobiográfico que é sugerido: seria o próprio Strauss o herói retratado?, quereria Strauss apresentar-se como o símbolo musical da militarizada Berlim do Kaiser Guilherme? Segundo as próprias palavras do autor, certamente não: "Apenas uma parte é verdade (...) eu não sou nenhum herói e não fui feito para a batalha". Na realidade, a vida daquele herói (a parte verdadeira) teria sido inspirada na própria vida do casal Richard e Pauline, na vida dum compositor (o herói) que adora a sua caprichosa e cativante esposa (o seu companheiro; ou companheira, como Strauss viria a escrever: "É a minha esposa que quero retratar... ela é muito complexa, muito mulher, nunca é duas vezes igual"), na defesa (os seus feitos em batalha) das suas obras (os seus trabalhos de paz) face às tomadas de posição de alguns críticos musicais (os seus adversários), até aos retiros na sua vila, nas montanhas dos Alpes Bávaros de Garmich-Partenkirchen, acompanhado, porventura, de uma eventual sensação de vitória (justificada, seguramente, por um recolhimento com o sentimento do dever cumprido).
Apesar da obra se desenrolar através de um movimento contínuo, a mesma dividir-se-ia em seis quadros: [I] "O Herói", cujo carácter seria retratado de forma inspiradora no magnífico tema apresentado pelas trompas e cordas; [II] "Os adversários do Herói", pomposos nas madeiras e rosnando nos trombones e tubas em (obtusa?) surdina (sim!); [III] "O companheiro do Herói", retratado num solo de violino cuja complexidade ilustra na perfeição a natureza volátil de Pauline Strauss (... e, muito provavelmente, de outras Paul(in)as... 😊), terminando numa voluptuosa cena de amor (check✓... 😊); [IV] "Os feitos em batalha do Herói", na defesa aos ataques da crítica injusta, escondida nos ecos das palavras proferidas pelas tubas, onde o herói, qual D. Juan Zaratustriano (em lembranças que se escutam), é convocado para a querela ao som dos trompetes num campo de batalha... ainda que fora de palco...; [V] "Os trabalhos de paz do Herói", que são descritos através dum mosaico rectrospectivo lembrando nove das suas obras anteriores, incluindo a ópera Guntram, numa síntese dos feitos (artísticos) da vida (artística) do herói (artista); até que, por fim, chegamos ao [VI] "O Herói retira-se do mundo e o sentimento do dever cumprido na sua vida", com a proposta de uma cena bucólica pelo corne inglês, num ambiente pastoral para onde o herói se retirou, com alguns críticos ainda a pairar, numa espécie de pesadelo que é rapidamente apaziguado pelo carinho daquela que o acompanhará até ao final da Sua vida de Herói: (para sempre) Pauline...
"Uma vida de Herói, op. 40"
✨ Extractos que proponho para audição: (ver também publicações nº 8 e 18)
e irreproduzíveis desde então. Mágico para a eternidade!), com alguns destaques,
identificados a seguir;
I: trompas e cordas aos 0:00-0:40 (O rejubilar dos heróis nas estantes das cordas e
dos metais!) [youtube]
II: tutti (Desconfiança e adversários matreiros...) [youtube]
III: o violino de Pauline (O amor traz brincadeiras... e vice-versa!) [youtube]
IV: tutti e trompas aos 6:09-6:51 ("o belo" e resplandecente som, e os ecos de D. Juan
Para dois dos meus (super) heróis.
Pelos seus exemplos de honestidade, respeito, humildade e amor, que fizeram de mim aquilo que sou.
Um dos mais belos exemplos do romantismo clássico dos finais do séc. XIX, seria aquele em que Richard Strauss (1864-1949) retrataria a história de um qualquer homem comum (bem-sucedido...), de alguém que procura a sua própria individualidade, ultrapassa os obstáculos do caminho, encontra o amor e atinge o seu próprio destino, ou, pelo menos, aquele que desejou para si próprio, em maior ou menor grau de grandiosidade.
E, assim, nasceria Uma vida de Herói, o poema sinfónico para grande orquestra (onde, entre outros, constariam oito trompas, cinco trompetes e uma quantidade generosa de elementos de percussão e cordas, esta última nunca inferior a sessenta e quatro elementos... uma realidade observável nos países que se importam com os pormenores, é claro), cuja partitura viria a ser escrita, de forma complementar, por altura da criação de outra das suas obras, o seu D. Quixote (...a história, por sinal, encarregar-se-ia, mais tarde, de inverter essa complementaridade), concluída a 1 de Dezembro de 1898, em Berlim, e estreada a 3 de Março de 1899, em Frankfurt, sob a direcção do compositor.
Esta obra ficaria ainda marcada por alguma controvérsia no que diz respeito ao elemento autobiográfico que é sugerido: seria o próprio Strauss o herói retratado?, quereria Strauss apresentar-se como o símbolo musical da militarizada Berlim do Kaiser Guilherme? Segundo as próprias palavras do autor, certamente não: "Apenas uma parte é verdade (...) eu não sou nenhum herói e não fui feito para a batalha". Na realidade, a vida daquele herói (a parte verdadeira) teria sido inspirada na própria vida do casal Richard e Pauline, na vida dum compositor (o herói) que adora a sua caprichosa e cativante esposa (o seu companheiro; ou companheira, como Strauss viria a escrever: "É a minha esposa que quero retratar... ela é muito complexa, muito mulher, nunca é duas vezes igual"), na defesa (os seus feitos em batalha) das suas obras (os seus trabalhos de paz) face às tomadas de posição de alguns críticos musicais (os seus adversários), até aos retiros na sua vila, nas montanhas dos Alpes Bávaros de Garmich-Partenkirchen, acompanhado, porventura, de uma eventual sensação de vitória (justificada, seguramente, por um recolhimento com o sentimento do dever cumprido).
Apesar da obra se desenrolar através de um movimento contínuo, a mesma dividir-se-ia em seis quadros: [I] "O Herói", cujo carácter seria retratado de forma inspiradora no magnífico tema apresentado pelas trompas e cordas; [II] "Os adversários do Herói", pomposos nas madeiras e rosnando nos trombones e tubas em (obtusa?) surdina (sim!); [III] "O companheiro do Herói", retratado num solo de violino cuja complexidade ilustra na perfeição a natureza volátil de Pauline Strauss (... e, muito provavelmente, de outras Paul(in)as... 😊), terminando numa voluptuosa cena de amor (check✓... 😊); [IV] "Os feitos em batalha do Herói", na defesa aos ataques da crítica injusta, escondida nos ecos das palavras proferidas pelas tubas, onde o herói, qual D. Juan Zaratustriano (em lembranças que se escutam), é convocado para a querela ao som dos trompetes num campo de batalha... ainda que fora de palco...; [V] "Os trabalhos de paz do Herói", que são descritos através dum mosaico rectrospectivo lembrando nove das suas obras anteriores, incluindo a ópera Guntram, numa síntese dos feitos (artísticos) da vida (artística) do herói (artista); até que, por fim, chegamos ao [VI] "O Herói retira-se do mundo e o sentimento do dever cumprido na sua vida", com a proposta de uma cena bucólica pelo corne inglês, num ambiente pastoral para onde o herói se retirou, com alguns críticos ainda a pairar, numa espécie de pesadelo que é rapidamente apaziguado pelo carinho daquela que o acompanhará até ao final da Sua vida de Herói: (para sempre) Pauline...
Nuno Oliveira
"Uma vida de Herói, op. 40"
✨ Extractos que proponho para audição: (ver também publicações nº 8 e 18)
- Chicago Symphony Orchestra
- Fritz Reiner
- RCA, 09026 61494 2
e irreproduzíveis desde então. Mágico para a eternidade!), com alguns destaques,
identificados a seguir;
I: trompas e cordas aos 0:00-0:40 (O rejubilar dos heróis nas estantes das cordas e
dos metais!) [youtube]
II: tutti (Desconfiança e adversários matreiros...) [youtube]
III: o violino de Pauline (O amor traz brincadeiras... e vice-versa!) [youtube]
IV: tutti e trompas aos 6:09-6:51 ("o belo" e resplandecente som, e os ecos de D. Juan
e Assim falava Zaratustra!) [youtube]
V: tutti (Uma síntese de vida... ao dispor!) [youtube]
I [youtube], II [youtube], III [youtube], IV [youtube], V [youtube], VI [youtube]

em 1979. A não perder pelos entusiastas deste maestro.)
I-VI [allmusic], I-VI [youtube]
I [youtube], II [youtube], III [youtube], IV [youtube], V [youtube], VI [youtube]
I [youtube], II [youtube], III [youtube], IV [youtube], V [youtube], VI [youtube]
V: tutti (Uma síntese de vida... ao dispor!) [youtube]
VI: tutti aos 3:51-5:05 (A doce sensação de missão cumprida... finalmente "o belo".)
- Berliner Philharmoniker
- Simon Rattle
- EMI, 3 39339 2
I [youtube], II [youtube], III [youtube], IV [youtube], V [youtube], VI [youtube]

- Berliner Philharmoniker
- Herbert von Karajan
- EMI, CDM 7 69027 2
a condizer pelo mestre von Karajan, naqueles primeiros tempos de liberdade
para alguns de um Maio de 1974. A não perder.)
I-VI [youtube]
I-VI [youtube]
- Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
- Lorin Maazel
- RCA, 09026 68775 2
detalhes da visão do mestre Maazel. Um registo de excelência.)
- SWR Stuttgart Radio Symphony Orchestra
- Sergiu Celibidache
- Deutsche Grammophon, 453 192-2 GH
em 1979. A não perder pelos entusiastas deste maestro.)
I-VI [allmusic], I-VI [youtube]
- Scottish National Orchestra
- Neeme Järvi
- Chandos, CHAN 8518
I [youtube], II [youtube], III [youtube], IV [youtube], V [youtube], VI [youtube]
- Berliner Philharmoniker
- Herbert von Karajan
- Deutsche Grammophon, 449 725-2 GOR
I [youtube], II [youtube], III [youtube], IV [youtube], V [youtube], VI [youtube]
- Cleveland Orchestra
- Vladimir Ashkenazy
- Decca, 414 292-2 DH
- Boston Symphony Orchestra
- Seiji Ozawa
- Philips, 400 073-2 PH
a voz doce de Pauline no violino de Joseph Silverstein. A sensibilidade do mestre
Ozawa também lá está.)
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Encontros de Heróis (Pai e Tio): anos 70 e Agosto/2020.
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